Monday, July 24, 2006

" A DAY IN LIFE... "















Bastou que ela aparecesse para que os dias recomeçassem a nascer numa sequência perfeita, numérica. A coisa alterara-se...

" Um, dois, três, quatro... "

- Cala-te!...
Não sejas parvo.

" Eh!Eh!Eh!...
Não te esquives... "

- Acabemos com isto!...

" Com isto, como?
Desistir dela?... "



















- Refiro-me ao cinismo das tuas intervenções!...

Como viste, anotei apenas certos factos,
E sem desistir dela
Sinto que já faço uma vida normal,
Calma...
Digo isto,
Em relação a preocupações anteriores,
Consideradas como traumas...
Por consequência, esperarei que fiques
Em idênticas circunstâncias.

" Que vamos fazer agora?... "

- Vamos até á Foz.














" Boa idéia!... "


Logo que chegamos, o poeta esboçou um sorriso de tranquilidade. Qualquer coisa como água cristalina manifestando de forma clara, uma sensação perfeita de vazio em sua transparência. Mais tarde na praia, ele não esperava vêr aquela gente toda.
Na verdade, a época balnear havia começado sem que nos tivessemos apercebido...

E só agora reparo: eu disse " p
raia "... noutras circunstâncias teria dito: " EM PLENA AREIA... "
Em face das circunstâncias locais, o poeta calara-se. Seguidamente,
espraiou o olhar duma ponta a outra, deparando-se com todas aquelas cores berrantes, variadas. Enfim... toda aquela gente ali exposta, quase amontoada, permanecia como se viesse para se abrigar de alguma coisa, esperando não sei o quê...








Contudo, á medida em que a maré vazava, ele pôde vêr que o areal crescia lentamente, adquirindo um outro espaço
. As pessoas por sua vez, estendiam-se num ambiente mais amplo, sensivelmente aberto.
A perspectiva era agora outra. Porém, o inesperado, ou seja, aquilo que mais uma vez se pensou ter surgido sem associação, manifestara-se quase dum momento para outro...


" Já viste o horizonte?... "













- Está encoberto...

O nevoeiro aproxima-se.

" Pode ser que não passe dali!... "

- Daqui a pouco, a praia ficará deserta...

" Pode ser que não... "

- Ficarás pra vêr.

" É engraçado...
Como tudo se interliga...
Lembras-te daquela manhã?...

Não havia uma única pessoa,

Somente as patas das gaivotas
Deixaram marcas
Na pureza da areia humedecida,
Revelando que já antes o areal
Estava deserto... "



















- Porque não dizes o resto?


" O quê, por exemplo?... "

- O que daria eu
Para que me aceitassem
Naquele momento entre elas...

" Ah!... Afinal lembras-te... "

- Mas pensaste, ou não?

" Sim, pensei... "

- Está a ficar desagradável!...

" É deste nevoeiro...
Bem dizias tu!... "













Com efeito, o nevoeiro invad
ira grande parte do areal. As barracas, em dada altura ficaram esboçadas num azul acinzentado. Era assim uma coisa tendendo para desaparecer, ou antes, tanto para uma coisa como para outra: tal como certas pessoas ao vestirem-se sentadas na areia, darem a sensação imediata de se despirem. Eram vultos fugidios, á mistura com breves vozes, soltas, distantes. De vez em quando, uma ou outra aberta descobria uma superfície liquida, brilhante, na qual pequenas luzes cintilantes ondulavam fora do tempo, determinando a maré quase oculta e silenciosa. Mais para cá, a estátua do " homem-do-leme ", vergada sobre si própria, assinalava uma ausência...






De súbito, um pequeno clarão rompeu a neblina. O Sol reaparecera, alegrando por instantes o espectro da praia. Alguns rochedos, como se estivessem adormecidos, despertaram de novo a sua presença visual. Nas águas calmas, havia um brilho extenso, repousante, mas o nevoeiro não cessara... tinha vindo para ficar.

Passado algum tempo, como aliás se previa,
a praia ficara deserta.















Mas em compensação, na paragem do metro havia Sol.


Pain-Killer

6 comments:

naturalissima said...

Peixinho,
É simplesmente BELO!
Gostei do brilho do teu sol... muito...
Fiquei mais iluminada!


beijinho
Daniela

vida de vidro said...

A day in life... Gostei da forma, aparentemente ao correr dos dedos sobre o teclado, como dás relevo a pequenas coiss que se dizem, que se desejam, que se observam... no seu todo fazem um dia. :)**

Marco Magalhães said...

Está muito interessante o teu post.
Gosto imenso das fotos, os teus Posts são mini-contos muito agradáveis. Parabéns

Carla said...

Mais um post lindo e encantador :)
beijos e boa semana

just me, an ordinary girl said...

Foi um lindo dia de praia, esse!!

E sabes? em dias que o nevoeiro acontece, nem que seja por um pouco ou por momentos, ninguém mais reclama do sol nem do seu calor...
"Sabe" melhor, a seguir a nuvens??

Um beijoooooooooo, Miguel.

naturalissima said...

Muito obrigada, peixinho, pelo simpático e doce comentário.
Hoje, para mim, o dia teve poucos raios de sol... Amanhã terei o dia mais brilhante e com as cores mais vivas... Espero!
Um beijinho enorme para ti

peixinho (Lx)