Wednesday, January 10, 2007

TERÇA-FEIRA Á NOITE,
NUMA RUA MAL ILUMINADA...
















Este lampião, apesar de apagado, mantém o seu próprio ser...
Sem a mínima alteração.




















" Falas-me sempre do ser...
Como se comporta ele? "

- O comportamento do ser,
DE QUALQUER SER
Sem ser para ser,
Actua enquanto é
PARA NÃO DEIXAR DE SER.













" Então porque motivo,
Em certas ocasiões
Me comporto de uma maneira,
E noutras
DE OUTRA? "














- Por seres pelo menos

Alguma coisa mais...
E em cada uma delas
O ser se manifestará.















" Isso significa que

Não sou somente poeta? "















- Todo o poeta,

É mais que uma coisa
Dessa coisa só...
Especialmente quando pretende ser
Aquilo que não é.
E agora escuta com atenção:


















Essa atitude,

É EMERGÊNCIA DO SER!

" Sim...
Mas o que significa? "

- Que a Natureza se expande
Em sua finitude aparente,
E que a existência
É cada vez mais elevada.













( Um delicioso e melódico suspiro, aparentemente breve...como a vida:

Sonata para violoncelo e piano em G menor - opus 19 - 3o andamento -
SERGEI RACHMANINOFF )

Pain-Killer

3 comments:

naturalissima said...

"- O comportamento do ser,
DE QUALQUER SER
Sem ser para ser,
Actua enquanto é
PARA NÃO DEIXAR DE SER"

Existe uma ânsia dentro do teu SER de querer SER mais para além daquilo que ÉS! Procuras alcançar a "perfição" do teu SER, questionando sempre o Homem, o Universo, a Vida, a Humanidade...
É o Emergir do teu Ser!

"Em certas ocasiões
Me comporto de uma maneira,
E noutras DE OUTRA..."

Quantas vezes o faço!?!
Mas estes diferentes e moderados comportamentos, não eliminam aquilo que nos define como SER...

Por isso; Miguel EVOLUI como HOMEM, como SER HUMANO, mas não deixes de SER aquilo que ÉS na tua verdadeira ESSÊNCIA!

Com muito AMOR, um peixinho dos nossos...
Até já
Daniela

Rocha de Sousa said...

Estive a viajar por «Uma Rua Mal Iluminada» que parece ser o fundo
substantivo do adjectivo existen-
cial que vem a seguir. «O Ser e o Nada» (Sartre) alertava-nos para a
impossibilidade de definir o ser em
relação a outra coisa. Entre o ser eo ser encontra-se o Nada. A ideia
aqui expressa por naturalíssima im-plica uma estratégia porventura aceitável: admitindo que o espírito
nomeia a nossa autenticidade, o ser
tem realmente que contar com isso, apesar do movimento pendular da vida. O ser utópico é mais impor-
tante do que o ser humano.Cá volto
ao Camus: se não há caminho para o
ser,há o suicídio Mito de Sísifo).
Mas a escolha do humano, que é mais
ambiciosa do que a escolha da san- tidade, só é verdadeiramente sus-
tentada através da solidariedade. Por isso, a hipótese evolutiva de Camus concentra-se em ser feliz mas
sem esperança. Aperfeição não é para aqui chamada, nem Deus, nem a
ininidade. Camus ajudou os seus semelhantes, como homem, a salvar
um carro de tracção animal parado num rio (foi humano e solidário) e,
mercê dessa escolha, prescindiu de
um encontro com Deus. EVOLUIR como
HOMEM (naturalíssima) é a única forma de conservar o espírito cria-
dor que nos habita. Sem isso, não seremos nem pessoa nem poeta -- e o
mundo empobrece.
Peço desculpa da deriva.
Rocha de Sousa

jawaa said...

Vir aqui é encontrar beleza e poesia, tbém sensações.Parabéns e obrigada, sempre.

Se me permite, uma observação ao comentário anterior sobre Camus: entendo o Mito de Sísifo como a representação do absurdo da vida, a constatação de que "não há saída"; todos estamos condenados à morte, assim o disse Meursault em L'Étranger. Camus recusou sempre a ideia de suicídio: humanidade e solidariedade são a fórmula para se conseguir ser feliz perante a inevitabilidade da morte. São fortíssimas as personagens de La Peste que ilustram a ideia de partilha, de entrega total, após a tomada de consciência de uma situação que os torna iguais.
É o que somos afinal: todos iguais perante um destino igual. Tudo o que possamos partilhar com os outros que possa adoçar o caminho que temos de percorrer para carregar o rochedo para o alto da montanha, é uma dádiva que permanece. Criatividade na arte e nos afectos, na (re)construção contínua do Ser.