UMA PEQUENA PARTE
DUMA MANHÃ DE SEGUNDA-FEIRA.




















Este sono que ainda tenho, é a continuação da noite seguinte; quero dizer: o prolongamento do outro sono.

" Porque escreves de novo
Segunda-feira? "

- Porque a recordo cá dentro;
AQUI...



















A CASA












O SÍMBOLO















Onde guardavas ao fim do dia
Os teus brinquedos...

" A minha alegria morava nela... "













- Recordamos em vão!...

" E a família? "

- A família,
Ou os brinquedos
A quem te davas quase todo...

" Agora vivemos o possível,
Enquanto sonho que brinco... "



















- E qual a compensação desse sonho?

" Não sei... "

- Só pode ser sonho...














" E a recordação? "

- Não passa de coisa repetida!...

" Sim... talvez... "

- De que te lembras mais?

" Da rua... "

- Rua ou liberdade...













" Aí brincava sem brinquedos,
Esquecendo-me de mim... "

- Pois é...
Agora o tempo
FAZ DE NÓS UMA ESPERA



















Por isso,
Teremos de o eliminar!...

" E o trabalho? "

- O trabalho?
O trabalho ou as férias?...
Não importa!...
Quer duma forma ou doutra
A preocupação é só uma...



















Enquanto vou e venho
Num trajecto apenas.

" E o cinema? "

- O cinema ou a ausência?
Tanto faz!...
Aí, a expectativa
Substitui ainda
De quando em quando,
Todo o meu ser para mim...

" Antigamente
Ficávamos nessa sala
Sem esperar que o tempo passasse... "











- MAS PASSAVA!...

" E a Igreja? "

- A Igreja...
Á IGREJA
OU O SOL Á PEDRA...



















" Aí a manhã era isso? "

- Concretamente!...

" E nesse estar? "

- Nesse estar,
O SILÊNCIO ERA LONGÍNQUO...



















" E vinha? "

- Sim.

" E agora? "

- Agora,
É A PEDRA E O SOL
Fundidos sem volume na memória...














E com o silêncio
MAIS DISTANTE AINDA...

" Optemos por outra coisa! "

- Não!
Não há onde escolher melhor
E FICAR VIVO...
Por isso o suícidio nada resolve.














" E se parássemos por uns tempos? "

- Parar...e como?...

" Evitando certos pensamentos! "

- Para se resolverem os problemas
É necessário enfrentá-los,
Até que as coisas estabilizem:














De outra maneira,
Tudo seria recalcamentos...
E agora deixa-me em paz,
Tenho de concentrar-me.

Passados alguns minutos, o poeta interrompeu-me de novo:

" Diz-me só mais uma coisa:
O que estás a escrever?... "

- É sobre ti.

" Posso lêr? "

- Como queiras...

---- APONTAMENTO ----

O poeta, ás vezes faz-me rir...dizia ele:
" Vós que entendeis de música, fazei um hino á glória oculta "...
















- Porque será que as pessoas
Dão grande apreço ás anedotas?

" Talvez por serem anedotas! "

- Não é bem por isso...

" Então porquê? "















- Ultrapassam a realidade.

( Um tema: " HEATHER " - Billy Cobham )

Boa semana!

Pain-Killer