Tuesday, March 06, 2007

NA DIRECÇÃO DA COISA-MAIS,
TENTANDO FUGIR AO CONVENCIONAL.
















- Poeta!...
SEI QUEM ÉS...

" Quem sou? "

- ÉS AO QUE VENS!



















E não poderias ser outro,
Excepto o poeta simples
Que cá dentro mora.

" O que pretendemos? "

- Relacionarmo-nos o menos possível
Com a linguagem comum...














Ou com aquilo
Que conhecemos antecipadamente,
E que para cá do mais
É CONVENCIONAL.













" Terá então de haver

Como é óbvio,
Uma certa diferença
Entre essa linguagem e nós. "



















( Foto de: Daniela Rocha )

- Essa diferença
Será eventualmente
O que irá prevalecer,
Manifestando-se
Não como um traço de união,
MAS COMO UM CORTE!...



















" E conseguiremos? "

- Dependerá de nosso entender,
De nossa ocasião...
Todavia,
Não será fácil
Descolarmo-nos das idéias...



















Descolarmo-nos
De confidências intermitentes.

" Intermitentes!? "













- Poderia ter dito

CONFIDÊNCIAS ADIADAS.

" Por conseguinte:
Aquilo que vier
Será mera introdução? "














( Foto de: Daniela Rocha )


- Será
COISA-MAIS!

" Porque estás de mãos nos bolsos?... "

- Ajusto-me melhor...
Mas principiemos:

Eis a rosa!...














Ou antes:
A outra Coisa!...

" Mas qual?...
De que falas?... "



















- Ainda não sei bem...
Trata-se dum improviso.

" Tentemos de novo! "

- Eis á rosa...

" Á rosa?!..."

- Áquilo a que chamamos rosa!














Ei-la sem côr,
Sem forma...

" Com aroma?... "

- Nunca!...

" Então com quê? "

- Teremos de aguardar...













" Mas porquê sem aroma? "

- Porque o aroma
Pressupõe imediatamente a rosa.














" Então que raio de Coisa

Tencionas mostrar-me?... "

- O meu rosto autêntico!...



















" E como vais consegui-lo? "

- Terei de inventar-me
No ser da rosa,
E TENTAR VÊR-ME...













VÊR-ME
Como se eu fosse ela mesma!...

" És louco!...
O mais que poderias obter,
Seria sentires a tua presença
E nada mais. "













- Nada mais que um pressentime
nto
Informe?...
Talvez, poeta!

Contudo tentemos...













" Se lhe dermos côr

MENTIREMOS? "

- Se lhe dermos forma,
MENTIREMOS DE NOVO!
Apesar disso,
Vamos chamar-lhe rosa...

" Com que fim? "

- Para sabermos
Que não se trata da rosa!
Libertemos em seguida
Esta ansiedade cosmológica:


















Na tentativa de

Encontrarmos a verdade
MENOS EXTENSIVA...

" E que verdade é essa? "

- Será inevitávelmente,
A VERDADE
NÓS-TEMPO...














Ou mais concretamente,

NÓS-ÁQUEM-TEMPO.

" Áquem-tempo?... "

- A verdade
NÓS
ESPAÇO
COISA















E ao descobrirmos
O que está para cá
DO ASPECTO ROSA


















( Foto de: Daniela Rocha )


Seremos instante,

OCASIÃO...
Aí, verás o meu rosto.

" É magnífico,
Mas ainda não compreendo bem... "

- Ser ocasião,
É tornarmo-nos verdade com ela.

" Ela, quem?... "

- COISA-NÃO-ROSA...

















( Foto de: Daniela Rocha )


É tornarmo-nos complexidade,

ORGANISMO ESPIRITUAL...

" Progresso?... "

- Na percepção
Do instante-coisa a saber.



















Então o círculo abrir-s
e-á
Numa apreensão emergida para nós.

" Tenho medo!... "













- De quê?!...


" De o conseguirmos... "

- Não sejas tolo!
Se O conseguirmos
SEREMOS REGRESSO!...

" Compreensão?... "














- Assim, a verdade
Mostrar-se-á em nosso tempo
NÃO-ASPECTO-ROSA
EU-OUTRO!

" Em nosso tempo!? "

- Exactamente nele.














Entretanto, aquilo que vier

Não terá de forma alguma
A forma duma rosa,
Mas sim
A forma exacta do meu rosto.

" É assim um pouco
Como na pintura abstracta?... "



















- Sim...
Há certos pintores que entram nesses caminhos...

" E desse instante para cá?... "

- Todo o resto será alternado.
















" Afinal, nada surgiu!... "


- Teremos de o tentar mais vezes.














( Um tema: " LAS VEGAS TANGO " - Gil Evans )


Bom-fim-semana!

Pain-Killer

4 comments:

naturalissima said...

Miguelamormeu, estamos diante de mais um excelente trabalho, da mesma linha que tens vindo a cumprir desde do incio do teu blog.

Umas vezes de fácil compreensão, outras aparentemente simples mas todas elas complexas, com o intuito de nos levar a reflectir um pouco mais a fundo sobre o nosso ser.
Sobre a evolução espiritual e não material para que possamos alimentar mais o amor e a felicidade.

Existe em quase todos eles a seguinte questão: "Quem sou?" "Quem és tu?"

Parece-me que ao chegarmos ao conhecimento profundo do nosso "SER" compreendemos melhor, a vida, o universo, o amor... logo cortamos com tudo aquilo que nos é imposto pela sociedade a que chamamos de CONVENCIONAL!

Não é fácil ser-se LIVRE dessa corrente armada... quebrá-la...
Fingimos ou enganamo-nos consciente ou inconscientemente com a ilusão de que somos FELIZES com tudo aquilo que nos rodeiam: as superficialidades, as facilidades enganadoras de uma satisfação imediata e consumista, inquietudes, inseguranças e medos provocados por um mundo desumano.

Somos nós a tomar a decisão, somos nós que temos a capacidade e o poder de escolher o nosso caminho e de querer saber exactamete o que é mais saudável.
Somos nós os cúmplices desta sociedade,... mais uma razão para sermos nós a quebrar as convenções que se criou.


Miguelamorsómeu, prolonguei.me demasiado e nada disse mais do que não saibas.

Orgulho-me de ti. Sei que caminhamos no mesmo sentido e com a certeza de ser por uma vida melhor, na DIRECçÂO DA COISA-MAIS, TENTANDO FUGIR AO CONVENCIONAL.

Com muito amor
beijo-te
Daniela

Miguel Baganha said...

Quando me vejo ao espelho, vejo cada vez mais a tua imagem, Danishe...Quando oiço atua voz,oiço cada vez mais o eco de minha alma dizendo...é ELA, é ELA...a minhaDAniaminhaDani...ela.

Quando te toco, quando te respiro, quando te quero, logo te tenho... logo existo...em mim.
ESTOU FELIZ...E A FELICIDADE É TUDO AQUILO QUE NOS FAZ SENTIR BEM...E TU, CONSEGUES FAZER-ME SENTIR ASSIM, SEM RECORRERES A ARTÍFICIOS, ESQUEMAS, PLANOS OU JOGOS DE QUALQUER ESPÉCIE.ÉS NATURAL, COMO A VIDA DEVERIA SER...E ISSO FAZ DE TI UM SER GENUÍNO...ÚNICO!

Não vou agradecer, porque tudo acontece...simplesmente.Mas sinto-me feliz por nos termos ENCONTRADO e por nos compreendermos um ao outro.

QUERO ESTAR DO TEU LADO.E USAR O TEMPO DESTA VIDA, DISFRUTANDO DE TUDO O QUE A VIDA NOS QUISER DAR...SEM LIMITES, SEM FIM.

Que o nosso amor seja, o " CORREIO DE AMANHÃ ", O CORREIO para o MUNDO...onde a paz e compreensão seja a COISA-MAIS, ou a única mensagem a circular pelos corações de todos.

Amo-te, Daniela!

Um peixinho...dos nossos.

Miguel

naturalissima said...

Miguel, vejo-te nele (COSMOS) em forma de peixinho....hehehehehe... Só podes ser tu! Só tu para fazeres parte do meu "UNIVERSO"...
Não só mergulhamos nos oceanos, como também temos asas para SONHARMOS JUNTOS!

Com amor
Daniela

Rocha de Sousa said...

Miguel,
andei a deambular pelos seus últimos trabalhos, lindíssimos,
sobretudo porque as imagens (cujo achamento só me ocorre que seja na internet) e torna-se cada vez mais claro que você se dedica à poesia e a todas as ressurreições do amor.
De resto, tem agora quem homenagear
até ao não limite. Mas, apesar dis-
so, o que me deslumbra é a escolha
e o encontro/desencontro das ima-gens, entre a surpresa, o fantásti-
co e o onírico, perto do surrealis-
mo dalianiano. Estive demoradamen-
te diante deste «espólio» e lembrei
-me de que você parece ancorar num
recente pensamento do Lobo Antunes:
Dizia ele que, à medida que abstra-ctizava o texto, o fazia hiper-texto, era como se procurasse dar à
linguagem o cunho que não encontra
nas livrarias, onde tudo é cada vez pior. E comentou: «é como se
eu escrevesse o texto que gostaria
de ler».
É axial. Isto acontece comigo e muitas destas frases dos autores
balizam os vértices mais significativos da arte. Nunca me esqueço de ter efito uma conferência na Gulbenkian, sobre os 90 anos de Picasso, com o título
PICASSO, UMA FORMA DE COMBATE. E isto para chegar a uma última frase do artista, a seguinte:
«Estamos condenados ao impossível»
Já reparou que a sua imagística passa fundamentalmente por esta condenação, sempre reveladora?
Peço desculpa por comer impossivelmente tanto espaço
um abraço
Rocha de Sousa