Wednesday, March 10, 2010


NA MANHÃ SEGUINTE


















É uma chatice! Apesar deste Sol descoberto, os dias são quase todos iguais. O que me vale é saber que sou o homem de quem se diz falar sozinho...

"Não é possível fugir à tendência?"

- Tentemos!...
De qualquer das formas
Penso que se pensa sempre
Iniciar qualquer coisa,
Mas em vão...
Tudo é sequência!...
Em contrapartida,
Sei que se mantém uma verdade
Debaixo de cada gesto:
Verdade que ignoro ainda...


















"Que verdade será?"

- O que é,
Está quase como coincidência,
Enquanto as palavras
Falarão por si,
De si
Delas mesmas.














"Que outras razões tens

Para falares desse modo?..."

- Várias!














"Por exemplo?"

- Em relação ao aspecto da Natureza,
A forma em si
Não é um plano estudado,
Mas sim,
O resultado dum processo longo

De adaptação às circunstâncias...














Deverei então, concluir:
A forma,
Só existe na concepção do Homem!...
Em face disto,
Qual é a posição da arte,
Que verdade nos dá ela?...














"Sim..."


- Mas, meu caro:
Há mais coisas ainda
Pelas quais a minha antipatia
É quase total.

"Quais, então?"

- Por exemplo, a velha pergunta:
"Porque é que existe alguma coisa
Em vez de nada?..."













O pior, é que,
se na verdade houve um certo momento em que o nada era uma coisa absoluta e única, uma outra pergunta não poderia ser; ou melhor, não poderia ser colocada nos seguintes termos: "porque não existe qualquer coisa em vez de nada?..."

"Só Deus poderia ter feito essa pergunta..."


















- Enganas-te, poeta.
Se Deus existisse,
Ele devia perguntar-se:
O Nada,
O absolutamente Nada,
Terá realmente existido?...

"Talvez...
Mas, e o Vácuo?"



A isto nada respondo. O
mais importante é saber o que se passa nesta transcendência toda.

Boa semana!

(Um tema: "ELEVENTH HOUR"
- Abdullah Ibrahim / Dollar Brand)

Pain-Killer

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