Monday, August 17, 2009


AO FIM DA TARDE

E ATRAVESSANDO O JARDIM










As pess
oas obedecem direitinhas por linhas tortas. Era mais fácil seguirem em linha recta mas elas sabem que para isso, teriam de pisar a relva e os canteiros do jardim.














- É inútil pensar como um poeta!...


" Desprezas-me? "













- Não é isso!...

Só pretendo dizer

Que os movimentos humanos

Estão carregados de hesitações...
Que a verdade que o Homem descobre

Em sua identidade,

Não passará dum pressentimento.
E que cada palavra
Metida na cabeça,

É perfeitamente inconcreta
No seu real,
Como verdade não consumada.














A leitura

Não é feita convenientemente.

" Na tua opinião,
Qual é a leitura adequada?... "

- A única possível:


















Sem desvios.


( Um tema: " BUT NOT FOR ME
-
- Versão de: Kenny Burrell )


Boa semana!

Pain-Killer

1 comment:

Rocha de Sousa said...

Chama-se a isto um título literário
e em travelling: muito bonito e so-
bretudo bem apoiado por belas imagens e boa relação entre elas e o texto.Quase exemplar.
A pequena filosofia do texto permite várias desmontagens e o achamento de vários conteúdos.
Há uma normativa humana (divina?)
referida aos atalhos rectilíneos contra as tortuosidades dos percursos: Deus imita o homem fa-
zendo o mesmo, escrevendo direito
por linhas tortas.
Não se pode, por outro lado,pensar
como poeta: porque o poeta não pas-
sa de um homem e os leitores de poetas são igualmente homens. Se
o pensamento dos homens revela he-
sitações, a verdade é que os poemas
são feitas desse «material».
Se cada verdade identitária descoberta pelo homem é inconcreta,
isso coincide com o lado abstracto
da linguagem poética.
E ainda mais uma verdade:
Toda a leitura da poesia é inconcreta, porque se trata de um
encontro com a beleza.
Não existe o Poeta Mítico.
O homem pode ser poeta e ler-se
poeta enquanto homem.
mem