Friday, September 03, 2010


TE
NTATIVA DE FUGA



Lá de cima, o poeta viu as pessoas dentro de mim, e para cá do jardim entre cores expostas, estava vivo ainda o dia anterior. Só que não coincidia. Em certo prisma, ele analisou as pessoas superficialmente, desde a sua inocência até mim, ignorando que elas próprias trazem unicamente uma ideia de futuro mal definida dentro da cabeça.

- Poeta!

Porque estás inquieto?














"Eu?"

- Nota-se...

"Sim...
Tenho um problema, mas..."














- Que problema é esse?

"Deus..."














- Explica-te...


"Não tenho a certeza..."


- Tem cuidado,
Descrer
É ficar surdo
Na exposição do acaso.


















"Acaso?!...
Disseste acaso?"

- Não tem importância,
Posso dizê-lo.

"Porquê?"

- O acaso não coincide...
É coisa informe.
Poeta!
Onde estão os ateus?
Que se mostrem!...















"Para quê?..."

- Será que não percebeste?
Não existem!


"Como explicas isso?"

- Como explico?
Não vês que chamam ateu
A todo aquele
Que não tem certeza
Da existência de Deus?...














"Mas eles têm!..."

- Dizem que têm!
Como vês,

Ateu

É uma palavra que não coincide!
Daí a minha frase:
Que se mostrem!...















Sim...

Mostrai-me a vossa certeza.

"Acaso...
Porque não?"

- É anti-lógico!...


















"Achas que sim?...
Mas pelo menos
Eles procuram a tal razão
E justificam a insistência da procura."

- Desgraçado!
Justificam o quê?!...

Não vês que essa insistência

Só poderá achar o absurdo

De todo este equilíbrio?









De tudo quanto há de mais
Simét
rico












Aju
stado









Concre
to









Inq
uietante









Con
veniente









Racional










Numa desord
em organizada
Cuja responsabilidade
Para esses indivíduos terá de ser casual?...

E agora observa:

Disto tudo

Extrai-se uma só coisa...

"O quê?"


- O todo
Do Homem incomp
leto.
E depois o que sei
,
É que nisto tudo,

Nesta infalível matemática filosófica,
Se encontra
o maior de todos os absurdos:
Aquilo que carece de
sentido
E que transcende tudo
Quanto ainda é humano,

Só porque é humano.


















"O melhor
Será abandonar essa ideia."


- Não!
Não se pode fugir

Do Universo do Homem...


"E porque não?"















- Porque se é Homem.


(Um tema: "FOR TURIYA" do álbum Folk Songs -
Jan Garbarek, Charlie Haden, Egberto Gismonti)


Bom-fim-semana!


Pain-Killer