NA MANHÃ SEGUINTE
É uma chatice! Apesar deste Sol descoberto, os dias são quase todos iguais. O que me vale é saber que sou o homem de quem se diz falar sozinho...
"Não é possível fugir à tendência?"
- Tentemos!...
De qualquer das formas
Penso que se pensa sempre
Iniciar qualquer coisa,
Mas em vão...
Tudo é sequência!...
Em contrapartida,
Sei que se mantém uma verdade
Debaixo de cada gesto:
Verdade que ignoro ainda...
"Que verdade será?"
- O que é,
Está quase como coincidência,
Enquanto as palavras
Falarão por si,
De si
Delas mesmas.
"Que outras razões tens
Para falares desse modo?..."
- Várias!
"Por exemplo?"
- Em relação ao aspecto da Natureza,
A forma em si
Não é um plano estudado,
Mas sim,
O resultado dum processo longo
De adaptação às circunstâncias...
Deverei então, concluir:
A forma,
Só existe na concepção do Homem!...
Em face disto,
Qual é a posição da arte,
Que verdade nos dá ela?...
"Sim..."
- Mas, meu caro:
Há mais coisas ainda
Pelas quais a minha antipatia
É quase total.
"Quais, então?"
- Por exemplo, a velha pergunta:
"Porque é que existe alguma coisa
Em vez de nada?..."
O pior, é que, se na verdade houve um certo momento em que o nada era uma coisa absoluta e única, uma outra pergunta não poderia ser; ou melhor, não poderia ser colocada nos seguintes termos: "porque não existe qualquer coisa em vez de nada?..."
"Só Deus poderia ter feito essa pergunta..."
- Enganas-te, poeta.
Se Deus existisse,
Ele devia perguntar-se:
O Nada,
O absolutamente Nada,
Terá realmente existido?...
"Talvez...
Mas, e o Vácuo?"
A isto nada respondo. O mais importante é saber o que se passa nesta transcendência toda.
Boa semana!
(Um tema: "ELEVENTH HOUR"
- Abdullah Ibrahim / Dollar Brand)
Pain-Killer
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