Wednesday, January 07, 2009


O POSSÍVEL IRREAL














Esta tarde foi atravessada
pelo meu próprio tempo de forma horizontal. Reconheço que passei um dia simples, com a excepção seguinte: inconformado, talvez consigo mesmo, o poeta sentenciou: " um dia qualquer... amanhã, hei-de escrever um poema justificando a minha insistência! "
Pobre poeta... deixar para amanhã, é reconhecer inconscientemente que já é tarde.


" Acho-te graça... "

- Sim?...


" Acreditas na idade da razão? "















- Hoje posso dizer que sim,

Mas tu não precisas disso!
Entrega-te às manhãs,

À luz do dia...
Diariamente nascerás.













" Achas que consigo? "


- Claro!


" E então, como é? "

- É só deixares
Que a ausência te
gere
Durante o tempo do sono...
Mais tarde

Partirás no ventre do nada.

















" É belo o que dizes... "

- Intencionalmente
Respondo-te-me:

Esta manhã, abriu-se-te-me!...















" Sem se dar? "


- Sim...

Tal como uma flor

Que se abre para o tempo
Sem precisar de ser flor.














" Estás fora de ti

Mas gosto de te ouvir! "


- Neste deslumbramento,

Avalio

A insuficiência que és para mim...













" Eu?! "


- Sim, tu!...

Por isso tu sonhas.














" Nos meus sonhos,

Vives como num grande lago... "


- Eu sei...


" O lago é o sonho... "














- A casa...


" O ambiente... "














- O possível irreal.


" E o sonho? "


- É cá dentro,
Indirectamente comigo,

Com aquele que pensa que sou eu.














" E esse, quem é? "


- Esse...

É tudo aquilo
Que é contrário
À minha tendência.


Boa semana!


( Dois temas:
" AUTUMN IN N.Y./ EMBRACEABLE YOU "
- Versão de: Chet Baker & Stan Getz )


Pain-Killer

2 comments:

Rocha de Sousa said...

Deixar para amanhã é, muitas vezes,
um acto de bom senso.A idade da ra-zão passa por isso:«o ser e o nada»
(segundo J.P.Sartre). Ao contrário
do que a poesia e o «non-sense» fa-
cultam, não se nasce diariamente: a
verdade é que se morre todos dia a
dia, todos os dias.
Em nós, há dois registos: um que
marca os níveis de consciência e de
saber; e o outro que marca, segundo
a segundo, a morte anunciada. Por vezes essas marcas coincidem, e lo-
go se distaciam. Mas nenhuma dessas
partidas se faz no «ventre» de na- da:o nada é o lugar de certos pri-
légios na consumação da queda e da
perda.
Ah, as tais flores: são um dos mui-
tos absurdos da Natureza -- e falo de alguma dessas flores que se fe-
cundam e são sem disso precisarem.
Do alto da cadeira à Cocteau, avis-
ta-se um grande lago (sonho) e po-
demos falar do ambiente, da casa, do mundo submerso. Abandonada no telhado, vestígio do ser, a cadeira
indicia um dos caminhos da irreali-dade.
Rocha de Sousa

naturalissima said...

beijo.te sempre como sempre para sempre com amor...

eutuadanishe
amo-te
até já