Monday, December 08, 2008


A FIBRA DA DÚVIDA
















Neste preciso instante, o silênci
o torna-se cada vez mais próximo, sem ser preciso recorrer a ele. Outras vezes, julgo que se afasta depois de me ter envolvido, sem eu ter dado por isso... enfim, continua a ser impossível que tal pudesse acontecer.

" Em que pensas? "

- Gostaria de saber

O que é pensar!
















" Pensar?...

Penso que esses caminhos

Vão dar a Deus... "

- Talvez...
No entanto, há quem diga

Que todos os caminhos vão dar a Deus.














" É verda
de... mas diz-me:
Um poeta, se não crê em Deus

Deixa de ser poeta? "

- Essa pergunta
Contém várias implicações

Que não afectam o teu caso em coisa alguma.
Contudo, isso não é razão para deixares de o ser.

E depois, o que te aflige?
Não crês em Deus?...


















" Umas vezes sim,

Outras vezes não. "


- É fácil de ver:

Só terás certeza

Se a fé for isolada.

















" Mas se isolar
a fé,
Ficarei para sempre na dúvida. "


- Se ao menos

Tivesses uma razão filosófica
Capaz...

" Capaz de quê? "

- De eliminar toda a dúvida!















" E tu, tens? "


- Não.
E além do mais, não quero!


" Porquê!?... "

- Porque
A sombra da dúvida
Prevalece
Sobre a luz da fé.
E neste momento é ela que me move!











Boa semana!


( Um tema: " BODAS DE PRATA "-

- C. Haden, J. Garbarek e E. Gismonti )


Pain-Killer

2 comments:

naturalissima said...

depois daquele longo e fantastico comentário que deixaste no "naturalissma", fiquei sem jeito para dizer seja o que fôr.

Se calhar é com isto que me safo :)... não ter de pensar muito. e não ter de procurar formas de tirar ou deixar dúvidas.

quem tem fé em Deus, poucas dúvidas terá.
eu cá fico com as minhas... vou procurando fé dentro de mim, talvez um dia encontre respostas.

sou de fibra...

Também continuo a amar-te muito.
até já
beijo-te

Rocha de Sousa said...

O silêncio, cada vez mais próximo,é
sinal, poeta, da opacidade. Ou duma
paragem da brisa, a mudez instalada
em volta.
Isto é pensar. Mas não sei para on-
de vão os caminhos. Todos os cami-
nhos iam dar a Roma, não a Deus.Ro-
ma, depois de Atenas,é que se tor-
nara lugar dos deuses.
O poeta não crê em Deus, é Deus. É ele e não o Universo onde se tece o
isolamento, não a fé. Claro, isolar
a fé é cristalizar a dúvida. E a verdade é que não há meios de eli-
minar a dúvida: se isso fosse pos-
sível a vida acabaria.A sombra da dúvida prevalece sobre a luz da fé.
E a fé (que cega o homem) corrompe,
sem luz, a natureza humana.
Pensei de que...
Rocha de Sousa