O VERDADEIRO MILAGRE
Alguns dias atrás, alguém indagou quanto aos outros dentro de mim. O poeta, debaixo da sua inocência, também quis saber:
"Dentro de nós,
Só estamos nós?..."
- Certamente que sim, ou porque
Esse universo de coisas que temos cá dentro,
Incluindo o outro que pensa que sou eu,
Somos nós próprios: tudo isso!...
É engraçado, só agora reparo:
Porque dizemos cá dentro?...
Talvez por pensarmos
Que estamos em tudo o que vemos.
Porque dizemos cá dentro?...
Talvez por pensarmos
Que estamos em tudo o que vemos.
"Será mesmo assim?"
- Assim?...
Poeta, na consciência humana
Está o verdadeiro milagre...
Está o verdadeiro milagre...
Presta atenção:
Ás vezes, aqui dentro
Há um dialogar entre dois seres
Completamente diferentes um do outro.
Ás vezes, aqui dentro
Há um dialogar entre dois seres
Completamente diferentes um do outro.
Um é uma fera autêntica: tem ocasiões
Em que irracionaliza de tal maneira
Que chega a odiar de forma brutal.
Em que irracionaliza de tal maneira
Que chega a odiar de forma brutal.
Por sua vez, o outro esforça-se,
Serve-se da lógica e insiste
Numa verdade
Baseada em concepções filosóficas,
Sempre com um sentido benevolente,
Dando logo a entender que compreende a fera;
É é interessante notar que, a dada altura,
Surge um terceiro,
Que de fora, ou numa posição neutra,
Os ouve, os analisa.
E só depois compreendo
Que ambos têm razão.
Esse,
Pensa que sou eu.
Serve-se da lógica e insiste
Numa verdade
Baseada em concepções filosóficas,
Sempre com um sentido benevolente,
Dando logo a entender que compreende a fera;
É é interessante notar que, a dada altura,
Surge um terceiro,
Que de fora, ou numa posição neutra,
Os ouve, os analisa.
E só depois compreendo
Que ambos têm razão.
Esse,
Pensa que sou eu.
- Acima de tudo,
Para que não restem dúvidas
Quanto àquilo que sou.
2 comments:
Depois de tantos tropeções e obscu-
ridades (minha e suas),Miguel Baga-
hna, na sua estrutura habitual do Pain Killer, escreve, num amanhecer
resplamdecente da sua «coluna blo-
guista» o primeiro Killer de gran-
de entrega e de grande compreensão.
Um verdadeiro milagre,cabeça,tron-
co e membros. Parabém, sem reser-
vas.E nada o obriga a acreditar na
virtude «absoluta» desta opinião que me escuso de fundamentar, já o
fiz de ontem para trás muitas vezes.
Ainda que não concorde em absoluto, aceito absolutamente a sua opinião, sobretudo pela legitimidade que a assiste João.
A «cabeça, tronco e membros» deste post não é milagre. Aconteceu aqui, contrariando a matriz ou lógica estrutural pouco ortodoxa dos meus posts, unicamente como recurso complementar à compreensão do método literário Pain-Killer. Os diálogos introspectivos que aqui se revelam, não passam de reflexões pessoais em voz alta tão próprias e naturais em qualquer ser-humano.
Criei o Pain-Killer, de mim para mim, "qui ça" em jeito de exorcismo. O feed-back dos bloggers que entretanto ia emergindo, embora nem sempre consensual, foi um dos aspectos decisivos para continuidade do blog, gerando outras questões cá dentro. Isso tornou-se, a pouco e pouco e sem me aperceber, gratificante: era o ego falando mais alto.
Neste sentido, penso que não devo expressar com ortodoxia certos momentos da minha existência - eles só existem para mim -, se o fizesse, para os outros não surtiria outro efeito além da indiferença (coisa banal).
Tal como Roland Barthes diz em relação à fotografia:«...ela não pode constituir em nada o objecto visível de uma ciência; não pode criar uma objectividade, no sentido positivo (normal) do termo. Quanto muito, interessaria ao vosso (do público) "studium":época, vestuário, fotogenia; mas nela não há (de outra forma não haveria) para vós qualquer ferida».
De resto, o verdadeiro milagre é o da consciência humana.
O Homem pensa e porque sabe que pensa, logo reflecte, divergindo.
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Acredito na virtude da sua verdade, amigo. Obrigado por acreditar também na minha e, sobretudo, pelo tanto que me tem dado, em partilha directa com as coisas do seu imenso universo.
Um abraço,
Miguel
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