Wednesday, February 09, 2011


LIBERDADE,

UM UTOPISMO CIVILIZACIONAL


Da
manhã anterior à tarde seguinte...nada de especial. Não houve desperdício, e se houvesse não seria no tempo que ele se encontrava.

- A liberdade
Não é o que em geral se pensa.

"Como assim?"

- Vou tentar explicar:
A mulher, por exemplo,
Apregoa aos ventos a sua independência
Como se tivesse naquela mão fechada
A sua liberdade.
Porém,
Sem se ter apercebido
Irá deparar-se com certa independência,
Mas toda a independência é dependente.
Ainda assim,
Ela bem poderá afirmar que existe,
O que está é aprisionada...


















"Se
ja como for,
A independência da mulher é notória."

- Independência?
Sim, em vários casos...
Mas não deixa de ser
Uma independência muito relativa...
Tudo isto é muito discutível.














"Mas a ver
dade é que a moral
Acabará por vencer!..."

- Como és ingénuo...
Não vês que a independência
Da mulher
Manifesta-se primeiro
Pela força imperiosa
Da necessidade
E nunca
Por uma questão de ordem moral,
Como muita gente poderá ainda pensar?
A moral,
No que lhe toca,
Só mais tarde intervém
Com um fim apropriado
Pela força das circunstâncias.














"E esse humanismo

Pelo qual gritará sempre?"

- Estará por detrás
Daquilo
Que defende sem saber,
E que determinará nela
O que bem entende.












"É justo!...

A mulher é bela...
Divina!"














- Não!...

Também não é pelos lindos olhos
Da liberdade humana;
Porque ela
Servindo-se do amor,
Tem nele
O pretexto para atingir o fim
Que o progresso exige,
Onde a necessidade é mãe...
Contudo,
Não leves muito à letra
Esta expressão atingir o fim,
Evidentemente que este «fim»
É o mesmo que dizer-se:
Serve de momento para continuar...
É uma base.
Por sua vez,
O Homem
Ao comprometer-se com a evolução
Jamais poderá ser livre.














"Então, não há mesmo
Uma forma de ser livre?..."














- Admitindo que sim,
A liberdade
Só poderá acontecer
No momento
Em que já não precisarmos dela.

(Um álbum: "MUSIC INSPIRED BY THE SNOWGOOSE" -
- Camel)

Boa semana!

Pain-Killer

2 comments:

End Fernandes said...

Caramba que reflexão =]

a liberdade é se libertar da necessidade de ser livre. Talvez alguns conseguiram viver isso, acho que Gandhi enquanto preso viveu isso.

Abrç

=]

Rocha de Sousa said...

Pois claro, a mulher é livre para
se afirmar humana, inteligente e tão rara cmo o seu pareceiro gené-
tico. Não é uma questão moral que esclarece o papel da mulher no mun-
do. Nem sequer a moral passa pelas
nossas urgências de sobrevivência.
A dependência é mais forte do que
a liberdade, em termos ontológicos:
dependemos de sistemas orgânicos
altamente falíveis: desde que nas-
cemos logo ficamos dependentes, e
são tantas as coisas que não podem ser tantas. Nascer dependente e vi-
ver dependente (da morte)
Nessa altura sim: era bom que o milagre nos ressuscitasse, em li-
berdade, porque o que somos, como
intermediários entre o Universo e a
Coisa,roça a transcendência, não
deveria nunca ser desaproveitada
de forma humilhante, laminar, apo-
drecedora.