SOBREVIVER
PARA NÃO FICAR PRESO NO ACASO
Esta tarde, o poeta foi de novo procurar-me no meio da cidade. Cada rosto reflectia indistintamente a expressão de um outro ao cruzar-se com ele. Os estigmas entrechocavam-se, repelindo-se. Noutras ocasiões quase se fundiam em associações diversas, sem contudo deixarem de ser repetitivas, - para que ele se afastasse mais de mim?, não, claro que não! - porém, uma coisa é evidente: é verdade que as pessoas ignoram o melhor que têm.
"Que dia horrível!...
Hoje é um daqueles dias..."
- Sim! É um daqueles dias
Em que é conveniente sacrificar
Qualquer coisa...
Por isso sinto um terrível ciúme!...
"Ciúme?!..."
- É uma antipatia,
E em simultâneo
Convicção...
E a verdade é que esta vida
É perturbada por uma entrega total...
Um autêntico desassossego.
Depois,
No todo desse homem incompleto,
A arte dá-nos o que nos dá...
E pelos conceitos,
Pelas fórmulas...
"Pelos convencionalismos?..."
- Pela experiência
Transformada em cultura...
E sem poder estar fora
Não me vejo dentro!...
"Onde estás, então?"
- No insolúvel.
E concluo até ao nada,
Que o próprio nada
Pode ser explicado por palavras...
"É bom que assim seja!..."
- Já não vale a pena rir...
"Tudo isso equivale a quê?.."
- Ao desacordo!...
"Não só..."
- Antes de mais,
Lê isto...
"Isto?..."
- Sim...
Isto não é a intenção de me calar:
Em certo prisma é uma sobrevivência...
E sobreviver
É refugiar-me na exigência
De não querer ficar aí...
"No acaso?..."
- Precisamente.
(Um tema: "CONCERTO D'ARANJUEZ" -
- do álbum: Jim Hall Concierto)
Boa semana!
Pain-Killer
"Que dia horrível!...
Hoje é um daqueles dias..."
- Sim! É um daqueles dias
Em que é conveniente sacrificar
Qualquer coisa...
Por isso sinto um terrível ciúme!...
"Ciúme?!..."
- É uma antipatia,
E em simultâneo
Convicção...
E a verdade é que esta vida
É perturbada por uma entrega total...
Um autêntico desassossego.
Depois,
No todo desse homem incompleto,
A arte dá-nos o que nos dá...
E pelos conceitos,
Pelas fórmulas...
"Pelos convencionalismos?..."
- Pela experiência
Transformada em cultura...
E sem poder estar fora
Não me vejo dentro!...
"Onde estás, então?"
- No insolúvel.
E concluo até ao nada,
Que o próprio nada
Pode ser explicado por palavras...
"É bom que assim seja!..."
- Já não vale a pena rir...
"Tudo isso equivale a quê?.."
- Ao desacordo!...
"Não só..."
- Antes de mais,
Lê isto...
"Isto?..."
- Sim...
Isto não é a intenção de me calar:
Em certo prisma é uma sobrevivência...
E sobreviver
É refugiar-me na exigência
De não querer ficar aí...
"No acaso?..."
- Precisamente.
(Um tema: "CONCERTO D'ARANJUEZ" -
- do álbum: Jim Hall Concierto)
Boa semana!
Pain-Killer
1 comment:
Ao atravessar nas imagens simbolicamente bem escolhidas para este diálogo, senti um crescente desassossego em mim.
Senti nas palavras uma mistura de pensamentos inquietantes e paradoxais de alguém que vive esta passagem numa distância de um tempo valioso, num acto necessário e importante para a história mas que desacredita no verdadeiro valor e sentido que se dá hoje.
Será que nos faltam hoje aqueles homens de coragem de há 100 anos para que Portugal tivesse outro rosto?!?
A primeira fotografia levou-me a pensar assustadoramente na falta de identidade de um povo, da globalização, perda de valores humanos, massificação socio-político.
Preocupa-me o nosso futuro...
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