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BUSCANDO NAS PALAVRASUMA ESPÉCIE DE RAZÃO"Gostaria de saber quem somos..."- Primeiramente, alheios ao futuro."Quem somos?...Serei eu, o acaso?"- Tu és a coincidência(sem nome para mim) inexpressiva.Contudo, estamos por nossa causa..."Um pelo outro?"- Pelo outro!Em círculo, Por cima do lago,Por cima do sonho."Por cima de tudo?"- Como se tudo fosse Sem mais nem menos..."Assim?"- E sem razão alguma,Sem hesitação."A vontade aqui não existe?"- Se existisse,Pressupunha uma esperança!..."Como foi possível Chegarmos a este ponto?"Pensando bem, sinto que não chegamos a lado algum...aliás, nunca se chega nestes casos. Tudo está estando, e muito antes de qualquer iniciativa, até porque a iniciativa não é, não está, nunca esteve."Tudo é leitura, sequência?"- Tudo é visão impensada,Como acontece no poema da"Rosa em frente ao espelho Sepultada em tempo"."Seremos um sóApós a decadência do vulgar?"- Quem sabe...Mas voltemos a nós..."Vamos com as palavras?"- É melhor,Nelas há sempre um jogo,Uma espécie de razão.(Um tema: "SONG FOR A FRIEND" -Parte I e II - Billy Cobham)Boa semana!Pain-Killer
"IMPRESSIONISMO"
ESTE...
É o poema tingido
De luz e de cor...
De sangue escondido
Na carne em flor.
Aqui não há tragédias!
Há só apenas
Uns místicos sabores...
Uns mórbidos sorrisos
Num palpitar de cores.
ESTE... sim!
É o poema encarnado,
Mais vermelho que o vermelho!
É o poema da rosa
Em frente ao espelho.
Ruy de Portocarrero
SOBREVIVER
PARA NÃO FICAR PRESO NO ACASO
Esta tarde, o poeta foi de novo procurar-me no meio da cidade. Cada rosto reflectia indistintamente a expressão de um outro ao cruzar-se com ele. Os estigmas entrechocavam-se, repelindo-se. Noutras ocasiões quase se fundiam em associações diversas, sem contudo deixarem de ser repetitivas, - para que ele se afastasse mais de mim?, não, claro que não! - porém, uma coisa é evidente: é verdade que as pessoas ignoram o melhor que têm.
"Que dia horrível!...
Hoje é um daqueles dias..."
- Sim! É um daqueles dias
Em que é conveniente sacrificar
Qualquer coisa...
Por isso sinto um terrível ciúme!...
"Ciúme?!..."
- É uma antipatia,
E em simultâneo
Convicção...
E a verdade é que esta vida
É perturbada por uma entrega total...
Um autêntico desassossego.
Depois,
No todo desse homem incompleto,
A arte dá-nos o que nos dá...
E pelos conceitos,
Pelas fórmulas...
"Pelos convencionalismos?..."
- Pela experiência
Transformada em cultura...
E sem poder estar fora
Não me vejo dentro!...
"Onde estás, então?"
- No insolúvel.
E concluo até ao nada,
Que o próprio nada
Pode ser explicado por palavras...
"É bom que assim seja!..."
- Já não vale a pena rir...
"Tudo isso equivale a quê?.."
- Ao desacordo!...
"Não só..."
- Antes de mais,
Lê isto...
"Isto?..."
- Sim...
Isto não é a intenção de me calar:
Em certo prisma é uma sobrevivência...
E sobreviver
É refugiar-me na exigência
De não querer ficar aí...
"No acaso?..."
- Precisamente.
(Um tema: "CONCERTO D'ARANJUEZ" -
- do álbum: Jim Hall Concierto)
Boa semana!
Pain-Killer
TENTATIVA DE FUGA
Lá de cima, o poeta viu as pessoas dentro de mim, e para cá do jardim entre cores expostas, estava vivo ainda o dia anterior. Só que não coincidia. Em certo prisma, ele analisou as pessoas superficialmente, desde a sua inocência até mim, ignorando que elas próprias trazem unicamente uma ideia de futuro mal definida dentro da cabeça.
- Poeta!Porque estás inquieto?
"Eu?"- Nota-se..."Sim...Tenho um problema, mas..."
- Que problema é esse?"Deus..."
- Explica-te...
"Não tenho a certeza..."- Tem cuidado,DescrerÉ ficar surdoNa exposição do acaso.
"Acaso?!...Disseste acaso?"- Não tem importância,Posso dizê-lo.
"Porquê?"- O acaso não coincide...É coisa informe.Poeta!Onde estão os ateus?
Que se mostrem!...
"Para quê?..."- Será que não percebeste?
Não existem!"Como explicas isso?"- Como explico?Não vês que chamam ateuA todo aqueleQue não tem certezaDa existência de Deus?...
"Mas eles têm!..."- Dizem que têm!
Como vês,
AteuÉ uma palavra que não coincide!Daí a minha frase:Que se mostrem!...
Sim...Mostrai-me a vossa certeza."Acaso...Porque não?"- É anti-lógico!...
"Achas que sim?...Mas pelo menosEles procuram a tal razãoE justificam a insistência da procura."- Desgraçado!
Justificam o quê?!...
Não vês que essa insistência
Só poderá achar o absurdoDe todo este equilíbrio?
De tudo quanto há de mais
Simétrico
Ajustado
Concreto
Inquietante
Conveniente
Racional
Numa desordem organizadaCuja responsabilidade
Para esses indivíduos terá de ser casual?...
E agora observa:
Disto tudoExtrai-se uma só coisa...
"O quê?"- O todo
Do Homem incompleto.
E depois o que sei,
É que nisto tudo,Nesta infalível matemática filosófica,
Se encontra o maior de todos os absurdos:
Aquilo que carece de sentidoE que transcende tudo
Quanto ainda é humano,Só porque é humano."O melhor
Será abandonar essa ideia."- Não!
Não se pode fugir
Do Universo do Homem...
"E porque não?"
- Porque se é Homem.(Um tema: "FOR TURIYA" do álbum Folk Songs -
Jan Garbarek, Charlie Haden, Egberto Gismonti)
Bom-fim-semana!
Pain-Killer
MUDANÇA DE CLIMA
Está um final de tarde abafado, estático e turvo. Eu sinto-me bem mas o poeta sugere que me vá embora. Então, volto-me para ele e faço-lhe lembrar o que penso:- O meu relógio não parou!Já não são três horas,E mais:Pelo menos, sempre que queroFaço o que penso...Mas o que interessaÉ ter maneira de substituirO que já não se quer." Vamos embora!... "- Espera mais um pouco...Vistas bem as coisas,A verdade é esta:Quando já não se quer,Alguma coisa surgiuDando lugar à substituição.O poeta estava certo:Acho preferível - disse para comigo: - pegar nos sapatos e sair da praia.Boa semana!(Um tema: "THIS COULDN´T BE THE REAL THING" -- Versão de: Carl Tjader)Pain-Killer
UMA HISTÓRIA SEM DIA"Lembras-te do dia de ontem?"- Lembro-me de qualquer coisa,De ontem não!... "Havia um tom claro,Baço..."- À mistura Com um toque de laranja,Na qual a luzFôra mais do que o indispensável... "Mas logo se tornouNum dia vulgar,Um dia cinzento..."- Lembro-me dessa cor,Desse dia não!... "Um dia sem História?" - Uma história sem dia,Ou talvezUm momento de passagemNo rosto das pessoas..."Uma história fácil?"- Coisa simples."Uma débil claridadeSurgiu entre as nuvens baixas,Lembras-te?" - A chuva suspendera a queda livre... "Algumas poças na ruaServiam de rio às nuvens...Dum momento a outroA claridade acentuou-se:Os rostos animaram-se...Adivinhava-se facilmenteQue o Sol andava por ali..." - Sim?... "Depois, o arvoredoTingiu-se dum verde mais vivo..."- Havia outros tons... "Eram manchas...Eram nódoas Espalhadas pelas árvores." - A partir de certa altura,A ausência era flagrante!..."Facilmente se saberiaA proveniência daquele cintilar..."- Nalgumas folhas,Brilhava aindaEssa esperança ténue... "Sim!...Era um dia cinzentoDe fim de Fevereiro,Um dia sem História?..."- Uma História sem dia,De simplicidade esboçadaNos olhos de qualquer pintor. (Um tema: "LEFT ALONE" -- Versão de: Archie Shepp/Dollar Brand) Boa semana! Pain-Killer
EXPOSIÇÃO COLECTIVA
Artistas convidados: Maria Pilar Abril, Miguel Baganha, Alexandra Barbosa, Célia Bragança, Daniel Bilbao, Joaquín Capa, Rafael Canogar, Ming Yi Chou, Francisco Farreras, Sonia Higuera, Clara Menères, Mª Luisa Sanz, Pérez de Vargas.
De 15 de Julho a 14 de Setembro de 2010 na
Galeria PROVA DE ARTISTA