Thursday, December 17, 2009


EXISTÊNCIA DUVIDOSA


Em  geral, pensamos que a reflexão nos leva à conclusão. Para mim e na maior parte dos casos, ela só potencia dúvidas maiores. Senão, reparemos na seguinte expressão: o Homem faz! Ora, isto é um engano, porque na verdade, nada fazemos como coisa realmente nossa. Neste sentido, a melhor palavra para definir o Homem, seria intermediário. Fazer pressupõe à letra "iniciativa própria", coisa individual que se manifesta por si mesma; e uma vez que o Homem é determinado pelo exterior, terá de se criar um termo adequado que explique inequivocamente o que de forma ilusória ele parece fazer.

"Nessa panorâmica,

Não é correcto dizer-se
O Homem faz?..."















- Não!...
Devo esclarecer-te:
A partir do momento

Em que tudo lhe é exterior,

Inclusive ele mesmo,
Sou obrigado a concluir
Que não existe como tal,

Que não se pertence,
Que não é livre!...














Direi mais:
Não é,
Uma vez que não passa

De um número ilimitado de
associações.

"Como é isso possível?"

- Essa pergunta está fora de propósito.
Continuemos:

Para ser livre,

Teria de ser algo isolado.

E que não defendesse nunca
Coisa alguma!...














"Queres tu dizer
Que o Homem não existe?"


- Existirá somente
Como coisa que se recorda,

Que não se vê...




















"Como coisa
Que nada é em si?"


- Exacto.

E, uma vez vez que nada é,

Este "em si" está a mais!...

Portanto:
O Homem só é autêntico
Historicamente.
Ter-me-ás compreendido?...




















"O suficiente,
O necessário

Naquilo que é terrivelmente prático."

O poeta tem razão... cada um sabe unicamente o necessário, de acordo com a sua capacidade. Ninguém sabe de mais porque ninguém sabe de menos.


- Gostei francamente da tua resposta!...

Conseguiste vir mais para cà

Daquilo que compreendeste.



















Direi mais ainda:
Viste em ti de forma impessoal...
Creio que começas a parecer-te comigo.


"Depois disto tudo,

Não posso deixar de perguntar..."

















- O quê?

"Então, e o
homem da rua?
O homem do quotidiano?..."


Esse, não passará nunca de um animal que pensa. E que sabe que pensa. Enfim, o mais gigantesco de todos, do qual, as suas acções, os seus próprios actos, determinaram o tal Homem histórico.


(Um tema: "SIMPLE THOUGHTS" -

- Versão de: Kenny Barron & amp & Minu Cinelu)


Bom-fim-semana!


Pain-Killer

1 comment:

Rocha de Sousa said...

A reflexão pode não conduzir a na-
da.Mas por ela,homens como da Vinci
anteciparam o futuro. Claro que o homem faz porque fazer é descobrir-
se.(2001, Odisseia no Espaço). Sim,
o "símio" que se fizera durante mi-
lhares de anos,só existiu e se tor-
nou SER quando inventou o possuiu o
primeiro instrumento, coisa sua. Sim, o homem faz, faz-se e trans-
forma-se transformando o mundo.
Ao contrário do que é dito,o homem
existe porque o seu lugar tem um
contexto, uma paisagem exterior; e
também existe porque pode acontecer
"em si". Esse é o zenit do existir
e do ser.
O homem em solidão não é uma não existência, nem a maior das liber-
dades. A solidão pode permitir a
liberdade hedonista, mas também po-
de suscitar o "não ser» por deses.
pero.
Se o homem existe através da memó-
ria que nos lega, também existe na
quotidiana "memória presente", de
cada vez que interage.
É verdade que um homem sem testemu-
nho dado,morto há milhares de anos,
já não é lembrado, perdeu-se para a
memória (história) dos ourtos, en-
tra assim em inexistência.
Os hhomens na rua nunca serão nada,
apenas pensam? Isto é grave, até porque em casa não é rua.Onde me-
lhor F. Pessoa teria feito A TABA-
CARIA, senão em casa/depois da rua e vice-versa?
Ser, ser em si, ser livre - tudo explica o homem existente no espe-
ctáculo do mundo.Em relatividade, coisa que o velho Einstein equacio-
nou e ainda é actual.
E o que é isto? Ninguém sabe demais
porque ninguém sabe demenos.(?)Há os que sabem acima do excelente e há os que podendo saber acima do bom, ficam (por outras razões)a seber na tabela do suficiente.
Miguel, não leve a mal esta aparen-
te discordância.Talvez seja preci- so envolver as suas frases um "te-
cido" conceptual e filosófico onde
o «non-sense" se aproximasse do
"sense"
As minhas homenagens.
João