DIA SEGUINTE, DIA SEM DATA.
Como imaginar um dia sem data?... creio que é simples: principiemos por eliminar o número correspondente a um determinado dia da semana. Em seguida, fazer-se-à idêntica operação à sequência dos outros. O que fica então?, qualquer coisa como uma série de casas vazias. E para que diabo servem as casas sem ninguém?... e para que servem os dias da semana sem números?, e se ainda por cima não existirem números nas portas?...
Se uma cidade estiver completamente desabitada, quem poderá viver aí?... não, não é possível... nem mesmo o passado, porque ele só poderá existir na consciência humana.
Aqui está!... Há ocasiões como esta, em que fico inesperadamente só, e que nem de mim falo. Foi então que o poeta, quase a medo perguntou:
" Como eras tu na infância? "
A princípio não o ouvi, ou melhor; julguei ser eu pensando para mim...
- Já não me lembro...
Há muito que não recordo a infância...
Sim!...
Talvez seja melhor nomeá-la...
Espera,
Estou a lembrar-me...
Tudo começou à beira-mar, na Foz do Douro.
Era uma tarde amarelada de Março, de céu azul brilhante... a cor era uma lâmina fria. O Sol era meigo e doentio... apesar disso, a tarde era um convite. Outrora teria sido outra coisa, prova de que tudo começa antes da altura própria e nunca termina na ocasião indicada... e a noite bem o confirma.
Nesse momento, quis lembrar-me de mim noutros tempos...
" Como eras tu nessa época?
Que rosto tinhas?... "
- Terei de procurá-lo cá dentro...
Sim... eu tinha um certo sorriso...
Correspondia
Àquilo que eu pensava da vida,
E até de mim.
Mas um sorriso só
Pouco me diz:
Terei de procurá-lo mais!...
CÁ ESTÁ!...
Estou a ver-me um pouco melhor...
Se bem que, à medida em que me concentro
Não me vejo completamente:
O que vejo,
É somente um vulto
A escapar-me a cada passo...
" Concentra-te!... "
- De quando em quando
Reaparece mais nítido
O esboço do meu rosto jovem...
A face lisa
DUMA IDEIA INGÉNUA.
" E o sorriso?... "
- É ele ainda...
Claro que um rosto destes
Não é para mim
UMA OBRA DE ARTE:
Mas sim, um motivo
Para me lembrar de frustrações antigas...
" Frustrações antigas?! "
- Sim, poeta...
Mas chega de recalcamentos,
Um destes dias conto-te mais um pouco.
" Já vais embora?...
Conta só mais um parágrafo "
- Não sejas chato... dói-me nas costas,
E além disso, fartei-me de estar aqui!
" Compreendo.
Queres vir passear no
Jardim do Gandhi? "
- Boa idéia, vem daí.
( Um tema: " DARN THAT DREAM"-
- Interprete: Dexter Gordon )
Boa semana!
Pain-Killer
Wednesday, July 16, 2008
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2 comments:
Miguelindo, de rosto liso, meigo, de sorriso ingénuo, mas convencido do que sabia já da vida e do homem... próprio daquela idade :)
Hoje com um olhar mais sabido, mais consciente daquilo que é, observa-se em tempo passado, compreendendo e aceitando melhor as vivências e experiências que tomou outrora, transformando as frustrações existentes lá, em grandes lições de agora, aqui.
É muito bonita a forma como inicias este ensaio. Crias um ambiente profundamente interessante, onde continuas a querer procurar e saber o porquê da existência das coisas e do Homem, mostrando ao mesmo tempo o vazio se nada existisse... o abandono de um passado se o Homem fosse amnésico.
É sem dúvida que tudo existe e vive..., o passado no presente em forma de memórias fragmentadas na nossa consciência e na sabedoria registada nas pedras do tempo.
Amor meu, não posso deixar de dizer aqui, o quanto continuo admirar o teu trabalho fotográfico.
Esta edição está muito bem elaborada, com fotografias excelentes no seu registo e tratamento estético.
Sente-se um crescimento no lidar das ferramentas da imagem. E uma evolução criativa muito grande, na busca de lugares invulgares, com diferentes toques do teu olhar.
Beijo.te com amor
Até já...
eutua
"Todos os dias são dias para viver.
Em cada manhã agradeço à vida,
Por te ter do meu lado.
Todos os dias me nasce um sorriso,
Por te ver feliz.
Mas toda a vida me correrá uma lágrima,
Pelo tempo perdido...
Porque o vivi sem ti.
Amo-te, Danishe...sempre!
Eumigteu"
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És mesmo lindooooo...
Amo.te
Eudanitua
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