PRESENÇA IGNORADA
A noite, pairava suave e mansa, como o pressentimento dum mal que se aproxima sem se ver. Lentamente e sem o mínimo esforço, a cor acentuou-se, tornando-se mais nítida, mais real, numa conveniência íntima... percebia-se que a Coisa coincidia lentamente. Então, o poeta entrou no jardim... escolheu um banco e sentou-se, apoiando a cabeça sobre a parte roliça do banco.
Dir-se-ia que descansava, porém, a ideia não era essa: é que assim, o seu olhar seria mais profundo, mais atento e incisivo.
" A presença humana vê-se? "
- NENHUMA PRESENÇA SE VÊ!
" Como é isso possível? "
- Quem faz uma pergunta dessas,
Inconscientemente sabe a resposta.
" Entendi perfeitamente. "
Subitamente, apeteceu-me sentar junto dele, mas a concentração em que o via era tal, que o meu desejo se desvanecera por completo.
Senti que ele aceitava agora, sem hesitação, que a existência desconhece a presença humana. E compreender a razão, era para ele pura transcendência... pesadelo autêntico.
" Existência...
O que é a existência? "
- A existência?...
A EXISTÊNCIA É TUDO...
TUDO É ESTAR!...
" E vê-se? "
- TUDO SE VÊ
MENOS
A APARÊNCIA DE QUALQUER COISA.
" A morte é uma aparência? "
- Não!...
" E vê-se? "
- Presta atenção, poeta!...
NA EXISTÊNCIA
NÃO HÁ LUGAR PARA A MORTE...
O MUNDO DA MORTE É NA AUSÊNCIA.
" Não quero morrer!... "
- Vá lá...
Deixa-te de pieguices...
( Um tema: " I WILL WAIT FOR YOU " -
- Versão de: Gil Evans )
Boa semana!
Pain-Killer
Tuesday, November 13, 2007
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