Friday, November 17, 2006

UM DIÁLOGO SECUNDÁRIO



















Como se viesse por entre um ruído de vozes dispersas, o silêncio parecia regressar, pairando entre nós. É lógico, o silêncio não regressa: as circunstâncias demonstram-no, definem-lhe a presença. Sim... não duvido... nem tudo se passará em meus sentidos.

"Porque te calaste?"

- Tenho estado a pensar...












"Pensar... pensar...
Sempre que te concentras,
Com quem dialogas?..."

- Aí está uma pergunta
Que me agrada imenso...
Meu caro poeta:
De cada vez que procuro
Chegar a uma conclusão,
Tudo me dá a entender
Que terei de estabelecer um diálogo
Comigo próprio...

















"Então como é?...

Podes representar duas personagens?..."













- Aparentemente...

Mas eu explico:
Quando isso surge,
É porque na realidade
Existem dois factores preponderantes:
Aquilo que sei antecipadamente,
E aquilo que procuro saber
Se tem ou não possibilidades
De ser já uma realidade,
Sem que eu me tivesse apercebido antes.











Propriamente dito,
Não poderão existir diálogos
Entre essas duas situações,
Muito menos personagens:
Simplesmente me debruço
Sobre os assuntos em causa,
Esperando ver
Que afinidades terão um e outro.

















O fenómeno passa-se da seguinte forma:
Tão depressa digo sim, como não...
É precisamente aqui que o caso
Toma o carácter de diálogo.












" E nós,

Estamos em idênticas circunstâncias?... "

- É evidente que sim!...
Mas no fundo,
Só existe uma razão:
Uma única interrogativa:
Eu!...


















"E eu?..."

- Poeta!...
De cada vez
Que pretenderes saber isso,
Tornar-te-ás mais pequeno...












Mudemos de assunto.


" Meu Deus!...
Como é linda!!! "












- Quem?...


"Ela..."

- Foi só isso que viste?...

"Entre outras coisas...
Mas que é bonita é!..."












(Foto de: Daniela Rocha)

- Isso é secundário.


"Pois é..."

(Uma música: "SHE" - Elvis Costello)

Bom-fim-semana!

Pain-Killer

2 comments:

Rocha de Sousa said...

Deambulava pelos blogues que melhor
conheço e deparei-me com com a sua
última peça de imagem-palavra, cam-
po em que se revela criador invul-
gar. A perplexidade passa por mim
nesta «anatomia» do objecto estéti-
co e dos sonhos que convoca, uma carta de amor, um lamento no silên-
cio. Como termina com uma «citação»
que floresce, e como já recebeu o meu livro, convd-o a dizer o que pensa dele e do meu Blog Construpintar02.
saudações amistosas de Rocha de Sousa

naturalissima said...

Quebro as vozes que nos enlouquecem.
Quebro o silêncio que nos separa.
Quebro o tempo que nos distância.

Entre diálogos, suspiros de saudade, gargalhadas soltas e lágrimas doces de paixão,... sentimo-nos num só...

Um peixinho dos nossos
Daniela