" MOMENTOS ETERNOS "
- Sabes, poeta...
Adoro vêr árvores reproduzidas
Nas telas...
" Também eu...
Em qualquer ocasião
É belo vêr uma árvore pintada... "
-Sim...
O artista fixa o instante,
ETERNIZANDO-O
Em seu tempo
E em seus espaços inventados...
" Para o pintor
Uma árvore é uma árvore? "
-É! Mas não deveria de ser.
" Pintar uma árvore
É escrever uma árvore? "
- É simultâneamente descrevê-la.
Contudo, terá de ser mais do que isso...
" O quê, por exemplo? "
- SER UM SINAL!...
" E poder manifestar a sua ausência? "
- Não deixará de ser
UM SINAL DE ÁRVORE...
Tal facto, só dependerá
Da qualidade do pintor!...
" E depois disso? "
- Terei de perguntar sem alternativa:
Se quando olho a paisagem
Não lhe colocasse as palavras
Ou tudo quanto sei,
Ser-me-ia possível vê-la?...
" Será que os erros se aprendem de cór? "
- Indiferente a isso, o pintor dirá:
« É bom sorrir para a luz
Enquanto o mundo e as coisas
Serão sempre noções de valores... »
E cruzando os braços, dirá de novo:
« Em mim
Permanece o sentido de arte,
E em relação a isto,
Tenho como é óbvio
A noção de perspectiva,
Particularmente
Através de cores e formas. »
Depois disto, murmurará de novo:
« JÁ SEI PINTAR! »
" E será suficiente? "
- Isso lhe bastará,
Só que os seus quadros
Terão a mesma voz,
A mesma linguagem.
Porque o amor
Que ele coloca na sua obra
Será baseado em moldes antigos...
Ele não poderá vêr
Que a partir da sua descoberta
As próprias pessoas
Não serão mais do que idéias
Que temos acerca delas...
Pois, se lhes retirássemos
Toda a nossa cultura
Ficariam irreconhecíveis.
" E será possível? "
- Claro!
E será isso justamente
Que ele deverá pintar...
Observando depois
Que todo o seu rosto
Reflectido no espelho
é visto também
Com tudo aquilo que sabe
Pois é com isso que ele se parece.
Pain-Killer
Wednesday, July 05, 2006
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