" SER HOMEM... "
O poeta, para lá de outros factos, não desconhece que o pintor em mim é particularmente a noção que tenho dos outros pintores, enquanto ele mesmo é francamente aquilo ou aquele estar sensível que tenho de ser, e que desesperadamente tento ainda converter noutra coisa, mas em vão.
No fundo, reconheço não poder viver sem ele... SEM MIM!...
Neste quadro, o cimo das árvores em contraste com o azul celeste, dá-nos a sensação de ser estampilhado, onde em simultâneo parece nem haver distância.
Aparte disso, o pintor viu que a paisagem estava em franco repouso, como que meditando... era perfeita quase inventada...
Seu colorido irradiava uma luz mística, e as cores dormiam majestosas na sombra do silêncio.
Aqui, eu pergunto :
- Como é que o pintor deveria expor esta sombra?...
Daqui a pouco, fixando a pintura na parede, o poeta pensará :
" É bom desejar que as árvores
Se lembrem de nós
No regresso a casa... "
Pelo meu lado, como não podia deixar de ser, segredar-lhe-ei :
- Nos intervalos
De suas folhas verdes
A sombra e a luz
Quase espreitam
E aparentemente não passarão dali...
Logo, serei obrigado a concluir, de que nunca se inventam ÁRVORES nem SENTIMENTOS...
O máximo que pode acontecer, serão reproducções de dias antigos.
" É evidente, mas as árvores lá estão... "
Reparem! Nota-se um modo particular na sua linguagem,
Mas a verdade é esta:
- Prefiro saber com a minha dúvida,
Que as árvores me vêem com os meus olhos
E me amam com o meu pensamento.
" Para ti
Não será tudo
Uma maneira de falar
Ou de vêr? "
- Sabes bem que não!
Daqui a nada, o poeta sem dar por isso, abandonará em silêncio este meu quarto. Caminhará na paisagem exposta até desaparecer na curva da distância, enquanto eu, propositadamente lhe rasgarei os véus do secreto. Meus olhos não arderão, só a minha passividade se queixará.
No entanto, se quisesse, transportar-me-ia com ele através do rio sem distância possível, sem tempo algum... e nesse estar ausente, estacionaria sem consciência, sem pincéis, sem tinta, sem mãos, sem olhos, sem boca, sem mim... deixando-me levar como se não existisse... E a árvore, na parede branca do meu quarto, não ficaria nunca para trás, como esta terá de ficar.
Por esta mesma razão, desprezo certos poetas e pintores, não por exporem naturezas-mortas, mas por manterem fixos certos temas...
A verdadeira obra de arte não se limita á exposição:
- Ressaltará PARA FORA DE SI!
Só assim poderá sobreviver no tempo...
" Tu nunca choras? "
- Não!...
Basta que tu o faças por mim.
" E nunca te lamentas? "
- Só tu o fazes...
" És duro!...
É isso ser homem? "
- SER HOMEM
É NÃO SER POETA!...
Pain-Killer
Monday, May 29, 2006
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4 comments:
Gostei do post ...posso apelida-lo de "Terapeutico"...e não colocaria o bonsai dessa forma...não fica bem em angulo...merece uma parede crua, um semi abandono que lhe oferecerá a sua beleza unica. Tenho alguns. Todos...sós. Lindos.
Polly,é curioso que apelides o meu post de terapeutico, pois essa é a perspectiva como eu o encaro...puras reflexões terapeuticas.
Quanto ao Bonsai, apenas o coloquei nesse ângulo, específicamente para favorecer a foto, de forma a obter enquadramento com a pintura.Pois quase sempre " ele " se encontra nesse tal pseudo ou semi-abandono que tão bem referes.
Adoro Bonsais, identifico-me muito com eles...gostei de saber que tambem tens alguns, Polly...
" Tee in the wind..... "
Obrigado plo comment ;-)
Aparentemente essas duas maneiras de olhar a realidade complementam-se...E a beleza?...Essa é eterna...Aos olhos do pintor e aos olhos do poeta.
bom dia Poeta :)
beijinho
Van
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