Wednesday, August 03, 2005


" A arte do Bonsai "


No Ocidente, onde a Arte do Bonsai é mais recente, carecendo, por isso, de maior meditação, um Bonsai se caracteriza quase que apenas por princípios estéticos e decididamente sem qualquer conteúdo filosófico.
O espaço reservado por aqui ao Mundo Vegetal é praticamente nulo, na mentalidade filosófico-religiosa, ao contrário das culturas asiáticas e de algumas civilizações germânicas e nórdicas.
Muitos tentaram e ainda tentam definir o que é um Bonsai.
Fugindo da definição semântica, a arvorezinha na bandeja representa um símbolo vivo da maneira de sentir do Homem, e também da sua Alma, apesar de se basear em critérios de idealização e de beleza artística.
Por isso, o deslumbramento ao se contemplar um Bonsai. Há algo transcendental...


Não há dúvida de que, o que deu vida à Arte dos Bonsais, copiada da Natureza pelo Homem, foi um princípio abstrato artístico-filosófico-religioso, visto que nenhuma criação humana pode suportar o passar do tempo (cerca de 3.000 anos), sem possuir um componente espiritual capaz de resistir, exatamente por este caracter, o desgaste dos milênios.
O Budismo, de origem da Índia, é uma filosofia que exalta o equilíbrio da Natureza e da Vida, e que coloca segundo plano a individualidade das coisas.
Essa filosofia, ao difundir-se pela Ásia, entrou em contacto com a mentalidade chinesa, que mais prática e menos chegada à abstração, chegou ao vazio do Fogo Supremo, mediante as técnicas da Yoga.
Foi então que adquiriram todo o seu significado filosófico os galhos vivos das pequenas árvores, e seus troncos marcados por cicatrizes, testemunhas das adversidade superadas, e que representa, em última análise, a vitória da Vida sobre todas as coisas.
Os pensadores e monges chineses ao perceberem a imensidade da Natureza - segundo os ensinamentos de Buda - tentaram reduzir pelo menos uma parte dela, representá-la de forma menor, para conseguir assim equilibrá-la com sua menor condição humana.

Ou seja, trazer uma parte da Natureza à nossa pequena estatura humana.
Assim, em decorrência da expansão da filosofia budista, surgiu na China,o"Benjin Pensai",o futuro Bonsai.

O "Benjin Pensai", com o tempo, adquiriu as as diversas facetas da alma que o havia criado e acabou se convertendo, na China, em uma escola de:
meditação e de aperfeiçoamento espiritual,
técnica de miniaturização e meio de comunicação e
expressão da comunhão e do equilíbrio entre o Homem e o Mundo.
Em torno de 1100 e 1200 dc, O cultivo da árvore em bandeja alcançou o Japão.
O povo japonês, mais acostumado em confiar nas possibilidades humanas e crer nelas, viu no Bonsai um meio de realizar sua própria cultura, para transmitir as capacidades humanas aos membros das gerações de uma mesma família.

O Bonsai se transformou em Tradição...

Por isso, dentro do conceito filosófico japonês, é extremamente difícil definir, de forma esquematizada, um Bonsai, pois ele possui as mesmas complexidades do âmago da Alma Humana.
Um Bonsai não é apenas um objeto para se cuidar e admirar.
É sim, uma Vida que deve respeitar-se e talvez até mesmo venerar, por que ele concentra em si o indecifrável mistério da Existência.
Na cultura japonesa, a árvore, qualquer árvore, representa a continuidade do tempo.

" O meu bonsai aos 7 anos de idade"


"So...the next time, you look at a little tree like this one,instead the size,try to notice the energy of it"...

Aquela árvore,está ali...

Em mim.

SEI QUE ME VÊ...

E sei que não pensa

Nada de mim

Por NÃO SABER QUE ME VÊ.

Um dia

Há-de tombar cá dentro

por si mesma.

Mas esse dia

Não é mais que este instante,

Por que só a presença

Espera por si própria,

No futuro.

Pain-Killer

1 comment:

Medusa Azul (Zuli) said...

gosto da versão didáctico-poética :)