NA DIRECÇÃO DO MEDO
" Para onde vais?... "
- Não sei...
Sigo apenas na espiral,
Desprezando o conformismo...
NADA DE PARAR!...
" O idêntico e o inseparável
Não se adaptam à tua consciência? "
- Não!...
Por suspeitar que a minha luz
SÓ SE APAGA UMA ÚNICA VEZ!...
Por isso mesmo ainda,
ODEIO A NOÇÃO DE ETERNIDADE
Pela simples razão
De qualquer tipo de limite
Estar infalivelmente ao meu alcance.
" O que é para ti a eternidade? "
- O que é?...
" Será realmente
- A IMAGEM MÓVEL DO TEMPO - ? "
- Aí está uma frase
Extraordinariamente bela,
Mas essencialmente poética!...
Meu caro:
Só na matéria existe movimento,
E para cá disso
Não há
Qualquer tipo de imagem no tempo.
" Mas trata-se da
IMAGEM DO TEMPO! "
- Qual imagem!?...
O tempo
É inexpressivo.
NÃO TEM APARÊNCIA.
" Nenhum objecto é imóvel? "
Só a eternidade o poderá ser...
Essa ausência total
Que é como uma autêntica janela,
FECHADA PARA A HUMANIDADE!...
" No que acabo de ouvir
Algo me deixa confuso... "
- De que se trata?
" Tempo e eternidade
São a mesma coisa? "
- Evidentemente que não!...
Dum objecto a outro
O TEMPO PÁRA
E A ETERNIDADE NÃO...
Ou melhor:
NÃO TEM MOTIVO PARA ISSO!...
" E porquê?... "
Porque a eternidade é imóvel
E simultâneamente
É EXTERIOR AO HOMEM!...
" Ai de mim...
É imprescindivel recorrer ao espírito... "
- EI-LO
Subindo à preia-mar...
À terra-céu
Da tua breve alegria...
" Breve alegria?...
Porque tem que ser breve?..."
- Porque o tempo assim o quer.
" Não gosto do tempo... "
- Vai... vai...
Vai nele,
No espírito,
Nessa tua incolor alegria...
" O que é isto que sinto? "
- A par dessa mansidão inconsciente,
A natureza quase se desfigura
Num suave flutuar
Ante a visão inesperada
No interior desse meu sentir.
" E que poderei compreender
Nessa linguagem? "
- A que te referes?
" AO INTERIOR DESSE TEU SENTIR... "
- Quero dizer,
Que a minha sensibilidade
Não envolve aquilo que penso.
Aquilo que eu penso
NÃO ESTÁ EM MIM...
Unicamente o que está,
São as palavras:
REPRESENTAÇÕES
DAQUILO EM QUE PENSO.
" O que se passa contigo? "
- Neste momento
Não sei o que pretendo dar-me...
SÓ SEI
Que continuo a ter horror
A todo o significado!...
" E então? "
- Gostava de poder pensar
Fosse o que fosse
Sem me limitar.
Toda esta curiosidade
Jamais devia ser interrompida,
Mas o prazer de a saciar
A limita...
Por outro lado,
Também não faz mal!...
O que é necessário
É fugir a determinismos metafísicos...
A essa maldita crença!...
O MEDO...
" Em ti existe o medo? "
- Naturalmente que sim.
" Mas porquê? "
- Porque entendo
Não só pela minha insignificância,
Mas também pela força exterior
Que sei
Ser mais forte que eu.
" Então, inconscientemente
Diriges-te para o medo... "
- Sim...
Ele é a causa,
O COLOSSO
Que me conduz.
( Um tema: " SIMPLE THOUGHTS "-
- Kenny Barron/Mino Cinelu )
Boa semana!
Pain-Killer
Monday, December 03, 2007
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