Friday, June 29, 2007

" DERIVAÇÃO DUMA INSÓNIA "















Aqui neste meu interior, aparentemente nada se alterou...somente ao passado, algo se acrescentará, iluminando-se ás primeiras horas da manhã.Por sua vez, auxiliado por esta tosse irritante, o poeta acordara-me mais cedo que o costume...

" Um dia de Sol...
Um dia de Sol é um desenho

Em que se lhe avivam as cores... "















- Em certo prisma,
Também o Sol é sangue,

É número...















" E o número?... "

- É côr,
É côr no sangue...















" Os números
São mais simples do que isso! "


- SIMPLES ÉS TU!...














Os números têem cores variadas,
Muito embora não possam viver

Independentemente

Da consciência humana...











Se assim não fosse,

Tudo seria como...


" Como o quê? "

- Não é fácil encontrar equivalência!...














" E se mudássemos de assunto? "

- ONDE ESTÁ?

" O quê? "

- A MOSCA!...










" Deve andar por aí! "


- A janela está fechada?













" Está!... "


- Façamos alguma coisa pelo silêncio...
Pois não,

Não é possível!...












" É engraçado... "


- O quê?

" Quem te ouvisse,
Diria que falavas sozinho... "


- É natural que pensassem assim,
Mas porque razão

Não dizem a mesma coisa

Pelo simples facto de se pensar em silêncio?...



















E agora não me interrompas,
Preciso de me concentrar!...


" Em quê!? "

- Vou tentar saber o que se passa
Para cá do tempo...

Vou percorrer-me no passado...









" Vais quê!? "


- Por onde for,
As pessoas

Trarão estampado no rosto

Um pouco de mim...


















" Não te percebo! "

-Poeta!
Onde estás?...


" O que foi? "

- Estou confuso
Mas lúcido,

Ou então

A lucidez me confunde...














" O que sentes? "

- Medo...















" Medo!? "

- Sim...
É espantoso,

NÃO SEI SE EXISTO...



















( Foto de: Daniela Rocha )

" Pensa bem!... "

- Para o saber
NÃO BASTARÁ PENSAR!...














"
Será que inventaste
Te
res-te conhecido? "

- Evidentemente que não!...
Conheço-me o suficiente

Para não duvidar,

Mas o suficiente também não dá

Para me trazer na certeza...



















" Porque sorriste?... "

- Penso que isto
Tem o carácter duma armadilha,

Especialmente

Quando me tenho nestas expressões.



















" Quando me tenho!? "

- Exactamente
Conforme ouviste!...


" Não percebi bem! "

- Quero dizer:
Coloco-me em tudo

Que indirectamente quero.















" E quando assim é? "

- Alguma coisa está camuflada...

" E o que será neste caso? "


- Creio que isto,
Mais não foi

Do que tentar fugir ao massacre

Da realidade subjectiva.















" E porque te esquivas a isso? "

- Por ser provável preferir-me sempre...
Aceitar-me no imprevisível

E ter de sofrer as consequências.















" Compreendo,
Só não entendo essa expressão:

ACEITAR-ME... "


- Aceitar-me?...
Aceitar-me

É DAR-ME!...



















" Diáriamente

O que pretendes? "


- Procuro a razão
De não querer ser para a razão...



















" Não entendo ainda. "


- Não entendes!?...

" Não. "

- Nem mesmo sem ser
PARA NÃO SER?...















" Talvez seja preferível
Pensarmos noutra coisa!... "


- E para quê?
















PARA SERMOS NORMAIS?...

" Tu sofres... "

- A que chamas sofrer?
De nós

Quem sofre és tu!...



















" Porquê esse cinismo? "


- É NECESSÁRIO...


" Mas porquê? "

- Porque és simples demais!...














" SÁDICO! "


- Não compreendes...
PRECISO QUE SOFRAS!...

















Toda esta maneira de ser
Enquadra-se no que pretendo...

Deste modo,
É urgente saber quem sou,

Muito embora este sentir
Esteja para cá

De saber que existo.


" Mas afinal,

És ou não és? "


- SABER QUE NÃO SOU
É DESTINAR-ME EM SER MESMO.














" Tens a certeza? "


- Absoluta!
Sobretudo sei que sou
Numa máquina de reproducções vivas,

E isso é ser para ser.














" Porque sorriste de novo? "


- Porque os meus pensamentos

Não só ficarão
Para cá de quase tudo,

Como ficarão cristalizados.


















( Foto de: Daniela Rocha )


" E porquê? "

- Convém que assim seja por enquanto...


" Mas porquê? "


- Terás só de aguardar.













" Estou á tua mercê... "


- A maior parte das minhas idéias
Já não são ecos benzidos

A percorrerem-me desvairadamente,

E em metamorfoses sucessivas

Os subterrâneos do meu corpo morno,

Por onde o sangue no sangue
Corria indiferente a tudo.


















Actualmente,

Faço-me deslizar na luz da felicidade,

Á superfície da sua côr.

















" Pensas demasiado em ti!... "


- Não tanto como julgas,

Muito embora admita

Não poder viver sem mim.















" Diante de tais circunstâncias,

O que pensas de ti? "


- Sinto-me ser para mim,

Qualquer coisa bem no género

De certas pinturas que vi em museus,
E que me poderiam ter dito nessa altura

Que precisavam ser admiradas,

E que ao mesmo tempo
Desejavam ser reproduzidas...













" Não sei se hei-de ter pena de ti,

Ou se me hei-de rir!... "


- Como sempre, poeta...
TU NUNCA SABES NADA!...














( Um tema:" WHY DID I CHOOSE YOU "

-
Versão de: Bill Evans )

Bom-fim-semana!


Pain-Killer