" DERIVAÇÃO DUMA INSÓNIA "
Aqui neste meu interior, aparentemente nada se alterou...somente ao passado, algo se acrescentará, iluminando-se ás primeiras horas da manhã.Por sua vez, auxiliado por esta tosse irritante, o poeta acordara-me mais cedo que o costume...
" Um dia de Sol...
Um dia de Sol é um desenho
Em que se lhe avivam as cores... "
- Em certo prisma,
Também o Sol é sangue,
É número...
" E o número?... "
- É côr,
É côr no sangue...
" Os números
São mais simples do que isso! "
- SIMPLES ÉS TU!...
Os números têem cores variadas,
Muito embora não possam viver
Independentemente
Da consciência humana...
Se assim não fosse,
Tudo seria como...
" Como o quê? "
- Não é fácil encontrar equivalência!...
" E se mudássemos de assunto? "
- ONDE ESTÁ?
" O quê? "
- A MOSCA!...
" Deve andar por aí! "
- A janela está fechada?
" Está!... "
- Façamos alguma coisa pelo silêncio...
Pois não,
Não é possível!...
" É engraçado... "
- O quê?
" Quem te ouvisse,
Diria que falavas sozinho... "
- É natural que pensassem assim,
Mas porque razão
Não dizem a mesma coisa
Pelo simples facto de se pensar em silêncio?...
E agora não me interrompas,
Preciso de me concentrar!...
" Em quê!? "
- Vou tentar saber o que se passa
Para cá do tempo...
Vou percorrer-me no passado...
" Vais quê!? "
- Por onde for,
As pessoas
Trarão estampado no rosto
Um pouco de mim...
" Não te percebo! "
-Poeta!
Onde estás?...
" O que foi? "
- Estou confuso
Mas lúcido,
Ou então
A lucidez me confunde...
" O que sentes? "
- Medo...
" Medo!? "
- Sim...
É espantoso,
NÃO SEI SE EXISTO...
( Foto de: Daniela Rocha )
" Pensa bem!... "
- Para o saber
NÃO BASTARÁ PENSAR!...
" Será que inventaste
Teres-te conhecido? "
- Evidentemente que não!...
Conheço-me o suficiente
Para não duvidar,
Mas o suficiente também não dá
Para me trazer na certeza...
" Porque sorriste?... "
- Penso que isto
Tem o carácter duma armadilha,
Especialmente
Quando me tenho nestas expressões.
" Quando me tenho!? "
- Exactamente
Conforme ouviste!...
" Não percebi bem! "
- Quero dizer:
Coloco-me em tudo
Que indirectamente quero.
" E quando assim é? "
- Alguma coisa está camuflada...
" E o que será neste caso? "
- Creio que isto,
Mais não foi
Do que tentar fugir ao massacre
Da realidade subjectiva.
" E porque te esquivas a isso? "
- Por ser provável preferir-me sempre...
Aceitar-me no imprevisível
E ter de sofrer as consequências.
" Compreendo,
Só não entendo essa expressão:
ACEITAR-ME... "
- Aceitar-me?...
Aceitar-me
É DAR-ME!...
" Diáriamente
O que pretendes? "
- Procuro a razão
De não querer ser para a razão...
" Não entendo ainda. "
- Não entendes!?...
" Não. "
- Nem mesmo sem ser
PARA NÃO SER?...
" Talvez seja preferível
Pensarmos noutra coisa!... "
- E para quê?
PARA SERMOS NORMAIS?...
" Tu sofres... "
- A que chamas sofrer?
De nós
Quem sofre és tu!...
" Porquê esse cinismo? "
- É NECESSÁRIO...
" Mas porquê? "
- Porque és simples demais!...
" SÁDICO! "
- Não compreendes...
PRECISO QUE SOFRAS!...
Toda esta maneira de ser
Enquadra-se no que pretendo...
Deste modo,
É urgente saber quem sou,
Muito embora este sentir
Esteja para cá
De saber que existo.
" Mas afinal,
És ou não és? "
- SABER QUE NÃO SOU
É DESTINAR-ME EM SER MESMO.
" Tens a certeza? "
- Absoluta!
Sobretudo sei que sou
Numa máquina de reproducções vivas,
E isso é ser para ser.
" Porque sorriste de novo? "
- Porque os meus pensamentos
Não só ficarão
Para cá de quase tudo,
Como ficarão cristalizados.
( Foto de: Daniela Rocha )
" E porquê? "
- Convém que assim seja por enquanto...
" Mas porquê? "
- Terás só de aguardar.
" Estou á tua mercê... "
- A maior parte das minhas idéias
Já não são ecos benzidos
A percorrerem-me desvairadamente,
E em metamorfoses sucessivas
Os subterrâneos do meu corpo morno,
Por onde o sangue no sangue
Corria indiferente a tudo.
Actualmente,
Faço-me deslizar na luz da felicidade,
Á superfície da sua côr.
" Pensas demasiado em ti!... "
- Não tanto como julgas,
Muito embora admita
Não poder viver sem mim.
" Diante de tais circunstâncias,
O que pensas de ti? "
- Sinto-me ser para mim,
Qualquer coisa bem no género
De certas pinturas que vi em museus,
E que me poderiam ter dito nessa altura
Que precisavam ser admiradas,
E que ao mesmo tempo
Desejavam ser reproduzidas...
" Não sei se hei-de ter pena de ti,
Ou se me hei-de rir!... "
- Como sempre, poeta...
TU NUNCA SABES NADA!...
( Um tema:" WHY DID I CHOOSE YOU "
- Versão de: Bill Evans )
Bom-fim-semana!
Pain-Killer
Friday, June 29, 2007
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