Thursday, August 31, 2006

" MÁ LEITURA "















- Olhai!...

" Com quem falas? "

- COM TODOS!...














Vejam aonde vos leva

A maneira como amais o próximo...

" O que interessa
É amar o próximo!... "

- NÃO!...
No próximo estais vós...
O vosso interesse
Não sairá de vós,
E eu pergunto-vos:
Podereis gostar
SEM SER POR VOSSA CAUSA?...
















" Ah... agora percebo!... "


- Não percebes, não!...
Á primeira vista, assim parece,
Mas não é por causa própria
Que se gosta!...

" Será também
Por determinismo exterior? "

- Presta atenção:
Esta simpatia que sinto pelas coisas
NELAS SE ENCONTRA...














( Fotografia de: DANIELA
ROCHA )

Elas se impõem
DO SEU EXTERIOR INTERNO...
Ao mesmo tempo, são dotadas
Duma qualidade influente,
SENSÍVEL
Inspirada quase para mim...

" Aparte disso,
Tudo deve ser dotado
Dum querer afectivo... "














- UNO

UNIVERSAL,
No qual a vontade é única
UMA SÓ,
Enquanto o resto
É EXTERIOR AO EXTERIOR.
Como vês,
Ninguém os culpa










Porque nada poderão fazer contra isso,

A não ser uma leitura atenta
BEM CUIDADA...

" Então, o que irá acontecer? "

- O que irá acontecer?!...
POETA!...
Desde sempre
TUDO É ACONTECIMENTO













E sendo assim, terão que continuar

Uns atrás dos outros
Na tentativa vã
De preencher o mundo de nada...
Na tentativa vã,
IMPELINDO-OS
A acreditar que um dia
Num futuro ainda longínquo,
Poderão encontrar finalmente
Aquela tranquilidade...













" A liberdade absoluta? "

- QUE SE NÃO SENTE
QUE SE NÃO RESPIRA
QUE SE NÃO VÊ,
E que em certa medida

SE PRESSENTE
Para cá da imagem no espelho...
Mas esse desejo, meu caro poeta,
NEM UTÓPICO É!...

" E porque não? "


- Porque a utopia
NÃO DISPENSA NUNCA A ESPERANÇA.
E fica sabendo:
Esse mundo,
É o mundo
ABANDONADO HÁ MUITO PELOS MANEQUINS...













E tudo isto

Será o resultado de má leitura!...

" Agora entendo...
Como alguém disse um dia:
OLHAR É IR AO ENCONTRO DAS COISAS!... "















( Fotografia de: DANIELA ROCHA )

Uma música: PASTORAL HARMONY, do album fantástico:
STORY TELLING de JEAN LUC PONTY.


Um grande bem-haja a todos, e... leiam cuidadosamente... em tudo que vos rodeia... )



















Pain-Killer

Tuesday, August 29, 2006

" A MORADA DO HUMANISMO "
















O poeta, entre outras coisas, gostaria de conhecer uma mulher diferente...
uma mulher que não corresponda a essa rotinice feminina, que não olhe sistematicamente para as montras, nem mais que para os homens!...



















Eu sei... neste instante, onde quer que ela esteja, dirá:
- " Também ele tem que se lhe diga! "

Assim é... mas apesar de tudo, o poeta é mais sóbrio:















- É MENOS HOMEM!...


" Essa sobriedade

Vem da força

Da imposição do machismo? "


- Indirectamente,

Mas para cá disso

Todo o homem

Tem gravado no subconsciente

A IMAGEM DA PRÓPRIA MÃE,

Afagando-o como vítima.




















" Como vítima? "


- Essa imagem

SALVA-LO-Á

Manifestando-se
No seu devido tempo.

E a partir dela
O humanismo

TERÁ SEMPRE AÍ A SUA MORADA.


Pain-Killer

Thursday, August 24, 2006

UM ENTARDECER
NUMA PRAIA QUALQUER.















O poeta, sentado na are
ia, deslumbrava-se com todo aquele colorido natural... de súbito, ergueu a cabeça olhando o céu, enquanto uma brisa fresca acariciava o seu rosto...
Então exclamou:














" Luz é esperança! "


- Pelo contrário:
A LUZ
É a ausência da esperança...
SÓ A NOITE
TERIA RAZÕES PARA QUERER LUZ!...



















Em breves segundos, riscou o ar e pensou indagando:


" Sempre que olhamos a Natureza
Vêmo-nos por dentro?... "














( Fotografia de : DANIELA ROCHA )

E voltando a pensar, exclamou de novo:


" Não!
O que vêmos
Será convencionalmente o que não somos,
E que não sentimos que seja...



















Entretanto,

Algo se dará ao ser
ESPECIALMENTE ÁQUILO
Que se lhe atribui,
POIS SÓ POR ELE PENSA. "

Então, outra vez voltou a pensar:

" Cada homem
NÃO É EXTERIOR DE SI MESMO!... "



















O silêncio resvalou entre nós...
Dir-se-ia que o poeta finalmente se apercebera de mim, e simultâneamente não podia admitir que a minha presença me fosse exterior.


" Não percebo nada! "

De seguida murmurou:

" DETÉM-TE!...
Entra no meu corpo de silêncio...
E verificarás
QUE NÃO TENS FORMA INTERIOR...
No íntimo,
PARA CÁ DO SENTIR
ÉS COISA,
ÉS
SEM SER
Como quem não te espera... "














Então, de perto admirei-o

E calei-me...
Enquanto me deslumbrava com a beleza daquele dia.













( Um grande bem-haja a todos... e continuação de boa continuação de uma coisa qualquer... até breve, um abraço! )


Uma música: NATURE BOY - NAT KING COLE

Pain-Killer

Monday, August 14, 2006

" O AMOR É INDISPENSÁVEL... "














É noite.
Um táxi estaciona debaixo do reclamo luminoso duma loja qualquer.
Só o instante não esperou por ele...
Há uma mulher que entra com uma criança ao colo...












" E a mulher? "


- Sentou-se dentro dela,
Na sua dôr,
E o táxi arrancou
Como se quisesse sair de ti.

" De mim? "

- Nada mais ficará
A não ser eu...

" Tu?! "



















- Eu mesmo!...

" E eu? "

- És quase a lembrança da criança...



















" Da mulher e da dôr? "

- Ficarás com tudo!...



















" Não entendo. "


- Porque não te convém...

" Esta noite transtorna-te! "

- É esta mosca nervosa,
Esvoaçando de lado para lado,
Irrita-me!...

" Não faças caso! "

- Esta noite é um relâmpago,
UM DESVIAR DE OLHOS!...














É um carro

SEGUINDO Á VELOCIDADE DUM CLARÃO!...

" Dum quê? "

- Não me interrompas!
Repara nas cores desta SIMPLES LIMA...
É ESPANTOSO como as coisas enriquecem
QUANDO LHES POMOS UM POUCO DE AMOR!...




















( Foto de: DANIELA ROCHA )


" O que tens? "


- É este estado de espírito,
Nesta intervenção
Nesta percepção...
E o pior de tudo,
É que nada disto
Pode ser evitado...

" Este dia acinzentado
Desliza,
Resvala para dentro de ti... "

- Para mim ainda é noite!...

" Noite? "

- Noite...
No sempre de todas as noites...












" Ela perturba-te... "

- Segreda-me impressões,
Transcende-me por inteiro...

" Pressinto...
Alguma coisa se alterou,
Alguma coisa morreu... "

- Devagar...
E de forma desprezível!...

" E o que terá sido? "















- Foi talvez

Uma morte que me nasceu,
E me afastou
Duma razão qualquer,
Num aproximar de nada...

" O que se passa?
Não te vejo,
Onde estás? "

- E porque só hoje procuraste vêr-me?

" Diz-me onde estás! "

- Aqui!...

" Onde? "














- Dentro da luz!


" Qual luz? "

- Aquela que pertence aos teus sonhos
E que os ilumina...

" O que vês? "

- Vejo a criança.
Deveria ter olhado para ela
Doutra maneira...



















Estou a reviver no amor dela...


" É bom que todo o racíocinio
Não dispense nunca o amor... "

- Claro...



















Para existir equilíbrio,

Terá de existir sempre
Uma simpatia para a reflexão.

( Desejo uma boa semana a todos, ou continuação de boas férias, conforme for o caso... eu vou continuar as minhas, descansando e deslumbrando-me com a Natureza... foi bom ter voltado e ter estado convosco, ainda que por breves momentos... penso que deu para exorcisar alguns demónios... um abraço, até breve! )














Uma música: " CARINHOSO " - Ellis Regina


Pain-Killer

Friday, August 04, 2006

" TEMPO PARA MEDITAR... "















Dir-se-ia que o silêncio tinha
regressado como pausa para meditar...

- O que foi isto?...
Adormeci?...

" Descansaste um pouco... "











- Foi mau...


" O que tens tu? "

- Está bom de se vêr:
Sinto-me estranho,
SINTO UMA AUSÊNCIA DE DESEJOS...



















" Nada te apetece? "


- Se algo me apetece como excepção,
É deixar o animal
Completamente á vontade,
Até que parta tudo!...
















" E que mais? "

- Se tenho orgulho
NESTE ORGULHO
Não tenho ódio algum,
Deste ódio que sinto
Pelo que ouço e vejo
Por este mundo fora!...













" Seria bom que pensasses noutra coisa! "

Tens razão!
Devo procurar outra razão,
Ou melhor: Uma razão inflexível
Para deixar de me preocupar,
Até poder transformar esta idéia
Em autêntico silêncio...










" Sempre que te ouço desse modo,

ARREPIO-ME!...
Sinto-me no vazio,
Como se não existisse... "

- Mas tu não existes
DE FACTO!
O QUE EXISTE
É um universo de mundos por descobrir,
E saberás que a existência
NÃO É A RAZÃO DE TUDO.
















" Explica-te! "

- Mais tarde falaremos no assunto.

" E quando? "

- Mais tarde,
Depois das férias....













( A todos os que já ocupam um lugar especial no meu mundo, desejo um bom e merecido descanso nesta temporada de férias... )

Um album: " CAVERNA MÁGICA" - Andreas Vollenweider

Até lá, um sorriso meu..
.














...e
do poeta ;-)

( Boas férias! )

Pain-Killer

Thursday, August 03, 2006

" HAUNT ME... "














Cinco minutos antes e dep
ois de qualquer coisa.
Durante algum tempo, as gaivotas, indiferentes ao entusiasmo do poeta, pairavam vagamente debaixo do silêncio...













" Tenho estado a pensar...
A que se destinará a presença humana
Em pleno universo? "

- Á priori,
O HOMEM
Procura viver o melhor possível.
Toda a sua experiência
Resulta da acção,
E após a leitura que faz
Todo esse registo passará a ser cultura.

Mas há outros valores ocultos,

Manifestados
Em toda a acção inconsciente humana.



















" Não será isso destino? "

- De facto,
Parece haver um programa...
Não sei bem!...
O caso está ainda no abismo,
Tudo isto é muito estranho...













" Como falarão os homens
Daqui a mil anos? "

- Em qualquer lugar desse teu futuro,
Os diálogos entre dois seres-humanos
SERÃO SILENCIOSOS...












Correspondentes á linguagem travada

COMIGO MESMO.

Uma música: CAVATINA- tema do filme " DEER HUNTER "

Pain-Killer