Tuesday, October 31, 2006

SEGUNDA-FEIRA Á NOITE.
NO MEU QUARTO?...













" Aonde estás? "

- Aqui.


" Aonde?...
No teu quarto?... "

- O MEU QUARTO NÃO EXISTE!...
Sou eu que o invento...

O MEU QUARTO
SOU EU!...














" Quem és?...
Que coisa é essa
Independente do conheciment
o humano?... "

- Poeta!...
De onde te vem essa pergunta?...

" DAS TUAS RESPOSTAS. "

- De mim?...













" Da cultura,
Ou disso que tu és... "

- De qualquer maneira:

ESTAR EM MIM
NÃO IMPLICA SER EU...
E depois,

Não sou somente cultura:
ELA SE INCRUSTOU EM MIM...















( Foto de: Daniela Rocha )

Agora tenho razões de sobra
Para deitar a língua de fora,
Mas não o faço!...



















" O que tens?... "

- O que tenho?...
Tenho-me aqui dentro,
AQUI!...
E ao saber que sou feito de associações
COMO POSSO DIZER

EU,
E ao mesmo tempo

SABER QUE SOU MESMO?...













Frente a isto,
Sinto-me como uma planta estranha,
Ou como uma língua
Numa boca fechada...


" Porque não saímos?
Vamos até ao jardim,
Está uma noite agradável... "


- Agora não!...

" Ao menos deverias sorrir
Quando apareces á janela... "















- E para quem?...

" Para esta noite... "

- DEIXA-TE DE LIRISMOS!...
Este dia, nesta noite,
Está espalhado simbólicamente pelo chão!...
Por enquanto sorri
DEBAIXO PARA MIM,
Na medida em que o tempo...


" A noite?... "













- A noite sem boca...

" A boca...

A boca sem língua?... "

- NA LÍNGUA DA PLANTA...

" E a planta?... "

- SEM BOCA,

Como um cacto arrepiado...















( Foto de: Daniela Rocha )

" Dizes coisas sem nexo!... "

- DE TUDO
TERÁ DE SER DITO...

" Pois...
O que vejo,
É tudo espalhado pelo chão... "
















- E pelos cantos...
Mas Santo Deus!!!
NÃO É BEM ISTO!...
É mais prudente admitir

QUE TUDO ESTÁ EM MIM!...

" E depois?... "

- Depois?...
Depois
TAMBÉM NÃO HÁ LUGAR PARA O MEU QUARTO...
A não ser cá dentro.



















" É deveras assustador
Até onde te prolongas... "


- SOU TUDO ISTO...

" Tudo?!... "

- O SUFICIENTE É UM TODO!...
Meu caro poeta...
Desta forma,
Tudo quanto vejo

Através desta janela














É a minha possível distância
Em minha dimensão...


" Para onde estás a olhar?... "














- É PENA...

" O que se passa?... "

- O QUE SE PASSA?...
A minha vista

NÃO CHEGA AO LIMITE
DOS MEUS CONHECIMENTOS...














" E que limite é esse?... "

- O QUE SEI DE MIM...
E para cá disto,
É TUDO IGNORÂNCIA!...

















Daqui me convido a aceitar

De que não sou noutra coisa,
Senão no próprio Universo...
Agora compreendo a razão
De não querer dizer EU...













" No próprio Universo,

Como assim?... "

- Na sua voz...

" Na sua angústia?... "

- No seu sonho escusado,
No seu pensamento infinito,
Na sua infinita frustração...
Não quero dizer com isto
Que me suícide!...












" Tem cuidado... "


- Ao convencer-me
De que sou tudo isto
NISTO,
DECLARO SER IMPOSSÍVEL
CONHECER-ME TOTALMENTE:
Apenas sei
Que nada tenho de especial...














" A não ser
Essa maneira esquisita de vêr as coisas... "

- Exacto!...

" Quem és afinal?... "

- Eu?...
Se ao menos pudesse dizer
EU...












" Tu o dizes!... "


- NÃO É DE MIM QUE FALO!...

" Não te compreendo...
És louco!... "

- LOUCO?!...
Já pensaste?...
Qual de nós será mais louco,
Ou apenas louco?...



















" Confundes-me!... "


- Fica atento...

" Se pudesse saber
Quem realmente és... "

- Penso que sou aquilo
QUE VOU SENDO CADA VEZ MAIS,
Como algo que se enche indefinidamente...













" Sim...

Mas que quer isso dizer?... "

- QUE JÁ SOU
AQUILO QUE SEREI...













E agora vem...

Vamos até ao jardim.

( Um tema: " NIRVANA " do album: NIRVANA
Herbie Mann/Bill Evans ***** )

Pain-Killer

Monday, October 30, 2006

NA PARTE FINAL DA TARDE,
E NO CENTRO DA CIDADE...

















Até os próprios cães fazem subir a rua...

- STOP!...

" O que é que me obriga a ceder
E me deixa nesta montra,
Sem no entanto me interessar
Por qualquer coisa dentro dela?... "


















- É isto!...
Estás no meio da cidade,
Empregnado de tédio...

" Por outro lado
SEI QUE DECIDI!... "

- Queres dizer:
RESIGNASTE-TE...













" Tens razão...
Mas que hei-de fazer?
Estou cansado...
E farto de andar por aí... "













- Lá está a inércia...

" É...
Ela se apoderou... "

- Deixa lá!... Em compensação
Sabes que alguém te espera...














" Está um ar abafado, quente...
Sinto-me estranho...
O que se passa comigo? "

- Deves ter trocado alguma coisa
Por isso...

" Não sei!...
Só sei que venho da cidade...
E tu? "














- Eu?!...
Tive a sensação de que ninguém me viu...

" Possívelmente alguns manequins
Na passagem pelas montras confirmaram a tua presença... "













- Mas a par disso,
As pessoas
Não se libertam dos seus hábitos:
REPETEM-SE CONSTANTEMENTE.















" É uma tendência desagradável... "

- Mesmo assim,
Recordo-lhes uma simplicidade aparente:
É ISSO QUE AS TORNA SIMPÁTICAS.

















" Contudo não nos querem... "

- Pois não...
É esse o drama:
REAGEM Á MANEIRA DOS PARDAIS.













( Uma música: " T R U E C O L O U R S "
- Cindy Lauper )

Boa semana!

Pain-Killer

Saturday, October 28, 2006

UM PENSAMENTO BREVE...
COMO A VIDA.















" Pensar...
O que será pensar?
Será somente lêr?... "

- Pensar?...
De certo modo,
PENSAR É FUGIR
Ao estaticismo da presença!...



















Mas não.
Também não!...
Enquanto se pensa,
Poderá permanecer a idéia de fuga...
Mas aí a Coisa escapa-se de novo!

" És insaciável!... "

- Não percebes?...
Essa fuga,
É em certa medida
Renunciar indirectamente á existência...


















" Continuar a viver

Não é querer viver? "

- Antes de mais,
O que queremos é usufruir da situação...
DAMOS POUCO VALOR Á VIDA!...



















Em relação a este facto,

Toda a existência
Tem um carácter absurdo
POR SER IRRELACIONÁVEL,
E depois é simples demais...
Direi mesmo:
A existência
PARECE NÃO EXISTIR!...



















" Quase não compreendo... "

- SERÁ
Que só existe aquilo
POR ONDE ELA PASSA,
Aquilo que eventualmente acaba
Ou se transforma?...

" É pena... "













- Não entendes?

TUDO É ACONTECIMENTO.
Mas acho conveniente
PENSARMOS NISSO MAIS TARDE...



















" Pensar ", dizia eu:

A verdade
É que arranjamos sempre maneira
De substituirmos as coisas...
Também aqui devemos desconfiar...














" E afinal para quê?

Se ainda ao menos
Pudessemos evitar a morte...
E sabe-se lá de que forma morreremos... "

- Morrer?...
Poeta!...
NÃO SE MORRE DE MANEIRA NENHUMA:
Nem como sábio



















Nem como ignorante













NEM COMO HOMEM!...




















" Nem como coisa alguma? "


- APENAS SE MORRE!...



















" Morrer...

O que é a morte?... "

- É UM PROBLEMA DE CONSCIÊNCIA!















" E o Homem? "


- É isso mesmo,
NÃO PASSA DE CONSCIÊNCIA!...

" Mas será conveniente?... "

O conveniente é estar preparado para a morte, porque quando isso suceder, não passaremos do instante... ou como se nunca tívessemos existido em tempo algum.















( Uma música: " MORRO VELHO " - Ellis Regina)

Bom-fim-semana!
E consumam a vida... em antes que ela vos consuma...

Pain-Killer

Friday, October 27, 2006

" WELCOME BACK, ANGEL EYES... "




Uma música: " Carinhoso " - Ellis Regina

Bom-fim-semana!

Pain-Killer

Monday, October 16, 2006

" BODE EXPIATÓRIO "

( Reedição )





















A tendência para e
ncontrarmos pessoas ou situações, que sirvam de " bode expiatório " para os nossos problemas e fracassos, é uma forma de vivermos como vitímas de uma complicada teia de relações.
A crítica permanente pressupõe uma incapacidade de assumir a responsabilidade pelos próprios actos.














É curiosa esta necessidade que as pessoas têem de culpar os outros, por terem destruído a sua existência, quando elas próprias o fazem tão bem, sem a ajuda de ninguém...




















Culpar sistemáticamente os outros pelos nosso
s fracassos ou pequenas contrariedades do dia-a-dia é um hábito infeliz, que sem darmos por isso, nos mina o carácter, entorpece a imaginação e perturba a afectividade, deixando-nos cada vez mais impotentes perante os obstáculos que vão surgindo ao longo da vida.














Quando não fazemos alguma coisa que poderíamos ou deveríamos ter feito, é normal sentirmos desapontamento, frustração. Sentirmos remorsos e corrigirmos o que fizemos de errado, faz parte da aprendizagem.




















Cultivada na literatura, a maledicência geral não se limita a apontar fraquezas alheias, mas a sublinhar o rídiculo das situações.
Ao longo da história houve vários esc
ritores que, com maior ou menor talento, se dedicaram á " arte de maldizer ", explorando a veia humorística através de obras burlescas, divertidas, e sem pretensões...
A crítica de costumes, quando bem enquadrada, faz-nos pensar, rever conceitos e valores, leva-nos a ser mais condescendentes, menos moralistas. Mas há que ter maturidade emocional para aceitar uma boa crítica com " fair-play ".













Fechados no egoísmo, no culto da afirmação social, e desvalorizar o próximo, dá-nos a grata ilusão de aumentar o valor. " Não, não..não estou a dizer mal (dele ou dela), só estou a dizer a verdade... "

Não estaremos na realidade, a encobrir o prazer subtil de desvendar as misérias alheias, recorrendo por vezes a comiserações hipócritas?...
O mexerico, a má-língua, a devassidão da vida dos outros nasceram provavelmente mal o homem começou a falar.















A comunicação é uma necessidade natural, mas na maioria das vezes não
medimos as consequências das nossas palavras.
Falamos por falar, para passar o tempo, mas as palavras podem converter-se muitas vezes em " lâminas afiadas " e impiedosas para com a fragilidade humana. Fazemos juízos de valor baseados em simples suspeitas que supomos fundadas e ainda tentamos justificar esta atitude com boas intenções. Para muitos de nós é um divertimento sem importância, mas que pode tornar-se muito destrutivo.














Ao procurarmos causas exteriores para as nossas dificuldades, perdemos a capacidade de vêr as coisas da melhor forma. Pensarmos que o mundo deveria ser perfeito é uma ilusão e dalguma forma um pretenciosismo sem nexo.
A injustiça e desigualdade fazem parte da vida e temos de aceitar que ,mais cedo ou mais tarde nos confrontaremos com comportamentos negativos e injustos.
Um sinal de maturidade emocional é a capacidade de evitarmos exercer represálias contra quem nos prejudica.Deixar crescer a fúria,disparar em todas as direcções,impede-nos de analisar friamente as situações,corrigindo-as de uma forma construtiva.Cada problema que enfrentamos é o " nosso " problema, independentemente de quem é o responsável.
A mudança nunca partirá dos outros, mas sim de dentro de nós mesmos.















( Um Album: " SIESTA "
- Miles Davis )

Pain-Killer