Friday, September 30, 2005

"CARNAVAL DE OUTONO"


Ao longe...
Quando há pouco
Olhavas a paisagem do crepúsculo
Entre a moldura azul,
Pensaste por descuido
Ou por menos importância...
Que o além é só além
Ou só distância.

Mas não!
É que além,
Entre sombras e galhos
Que ficam ao abandono,
Há o teatro verde...
O Carnaval de Outono.

Ali...
Há o triste espéctaculo
Das últimas folhas
Em baile de despedida...
Com o mórbido compasso
Duma valsa perdida.










Bom-fim-semana!




Pain-Killer

Thursday, September 29, 2005


LARRY CARLTON

"Guitarrista por Excelência"



Larry Carlton começou a ter lições de guitarra aos 6 anos.
A sua estreia profissional aconteceu no "Super Club"em 1962.

Um dia,ao ouvir "Joe Pass" na rádio,sentiu uma profunda inspiração para tocar "jazz" e "blues"."Wes Montgomery" e "Barney Kessel",tornaram-se tambem importantes influências,bem como o inconfundível "B.B.King".
Adquiriu experiência,tocando em clubes e estúdios da grande "L.A.".Carlton fez "tournée"com os "Fifth Dimension" em 1968 e começou a fazer sessões de estúdio em 1970.A sua primeira sessão fez-se conjuntamente com músicos "pop",tais como;"Vicki Carr",Andy Williams" e "Partridge Family".
Em 1971,foi convidado a juntar-se aos "Crusaders",fez tambem sessões de estúdio para centenas de gravações em todo o género de música.Mas foi durante o período de incursão nos "Crusaders",que Carlton desenvolveu o seu "pico rítmico",muito em particular o estilo "blues"que mais o caracteriza.

Os seus créditos incluem actuações em mais de 100 albuns de ouro.Composições para séries televisivas e filmes,são tambem uma constante premiada com sucesso no seu percurso musical,tais como;"Against all odds","Who's the boss"e "Hill street blues".Este último premiado com um "Grammy"em 1981,para melhor performance "pop"instrumental.Carlton foi um dos elementos-chave da banda "Steely Dan" em 1978,onde ficou memorávelmente conhecido pelo extraordinário solo no tema "Kid Charlemagne".
Lançou 4 albuns para a "Warner Bros","Strikes Twice"1980,"Sleepwalk"1981,"Eight times up"1982 e foi nomeado para os "Grammys"com o tema "Friends"1983.Continuou com o trabalho de estúdio alternando com digressões,emergindo de novo em 1986 com um album totalmente acústico,agora pela mão da "MCA RECORDS",album esse que,continha um "remake"de "Michael Mcdonald",o exito "Minute by minute".O "single" ganhou um "Grammy" para melhor performance "jazz"instrumental em 1987.

O album ao vivo de Larry Carlton "Last Nite",(na minha opinião,o melhor de sempre..fui muito feliz ao som deste album...bom,prosseguindo)recebeu outra nomeação "Grammy"para melhor performance "jazz"instrumental.Enquanto trabalhava no seu próximo album para a "MCA","On solid ground",Carlton foi victima de um disparo acidental,sendo atingido na garganta por delinquentes juvenis á porta do seu estúdio privado "room 335"na califórnia.A bala atingiu as suas cordas vocais,provocando danos significativos,mas através de terapia intensa e com uma enorme força de vontade,Carlton completou o seu trabalho "On solid ground" em 1989.

Os 2 albuns mais recentes de Larry Carlton,foram lançados em 1996 pela "GPR RECORDS","Gift" e "With a little help from my friends".
Larry Carlton fundou ainda a (HIP) "Helping Inoncent People",uma instituição sem fins lucrativos,que visa ajudar as vítimas da violência de rua.




Pain-Killer

Tuesday, September 27, 2005


"BODE EXPIATÓRIO"


A tendência para encontrarmos pessoas ou situações, que sirvam de "bode expiatório"para os nossos problemas e fracassos,é uma forma de vivermos como vitímas de uma complicada teia de relações.
A crítica permanente pressupõe uma incapacidade de assumir a responsabilidade pelos próprios actos.

É curiosa esta necessidade que as pessoas têm de culpar os outros,por terem destruído a sua existência,quando elas próprias o fazem tão bem,sem a ajuda de ninguém...
Culpar sistematicamente os outros pelos nossos fracassos ou pequenas contrariedades do dia-a-dia é um hábito infeliz,que sem darmos por isso,nos mina o carácter,entorpece a imaginação e perturba a afectividade,deixando-nos cada vez mais impotentes perante os obstáculos que vão surgindo ao longo da vida.

Quando não fazemos alguma coisa que poderíamos ou deveríamos ter feito,é normal sentirmos desapontamento ,frustração.Sentirmos remorsos e corrigirmos o que fizemos de errado,faz parte da aprendizagem.

Cultivada na literatura,a maledicência geral não se limita a apontar fraquezas alheias,mas a sublinhar o rídiculo das situações.Ao longo da história houve vários escritores que,com maior ou menor talento,se dedicaram á "arte de maldizer",explorando a veia humorística através de obras burlescas,divertidas,sem pretensões...
A crítica de costumes,quando bem enquadrada,faz-nos pensar,rever conceitos e valores,leva-nos a ser mais condescendentes,menos moralistas.Mas há que ter maturidade emocional para aceitar uma boa crítica com "fair-play".
Fechados no egoísmo,no culto da afirmação social,desvalorizar o próximo dá-nos a grata ilusão de aumentar o valor."Não,não..não estou a dizer mal dele (ou dela),só estou a dizer a verdade..."
Não estaremos,na realidade,a encobrir o prazer subtil de desvendar as misérias alheias,recorrendo por vezes a comiserações hipócritas?
O mexerico,a má-língua,a devassidão da vida dos outros nasceram provavelmente mal o homem começou a falar.A comunicação é uma necessidade natural,mas na maioria das vezes não medimos as consequências das nossas palavras.Falamos por falar,para passar o tempo,mas as palavras podem converter-se muitas vezes em "lâminas afiadas" e impiedosas para com a fragilidade humana. Fazemos juízos de valor baseados em simples suspeitas que supomos fundadas e ainda tentamos justificar esta atitude com boas intenções.Para muitos de nós é um divertimento sem importância,mas pode tornar-se muito destrutivo.


Ao procurarmos causas exteriores para as nossas dificuldades perdemos a capacidade para ver as coisas melhor.Pensarmos que o mundo deveria ser perfeito é uma ilusão e dalguma forma um pretenciosismo sem nexo.
A injustiça e desigualdade fazem parte da vida e temos de aceitar que ,mais cedo ou mais tarde nos confrontaremos com comportamentos negativos e injustos.
Um sinal de maturidade emocional é a capacidade de evitarmos exercer represálias contra quem nos prejudica.Deixar crescer a fúria,disparar em todas as direcções,impede-nos de analisar friamente as situações,corrigindo-as de uma forma construtiva.Cada problema que enfrentamos é o "nosso"problema,independentemente de quem é o responsável.
A mudança nunca partirá dos outros,mas sim de dentro de nós mesmos.



Até sempre...





Pain-Killer

Friday, September 23, 2005



"FELIZ ACASO"



O tempo
Vive as pessoas.

E antes do tempo
Há o feliz acaso,
De todas se encontrarem.

E as pessoas
Apenas vivem no tempo
Sem tempo.
Vivem somente
E fazem coisas sem tempo.

Mas os dias
Deste dia interminável
Em que vivem,
Completam-lhes a vida...
Gastando-as a si mesmas.

Pain-Killer

Thursday, September 22, 2005

"ONDE ESTÁS VIDA, QUE NÃO TE ENCONTRO?"



Dai-me a suprema confiança do amor,

A confiança que pertence á vida na morte,

Á vitória na derrota,

Ao poder escondido na mais delicada beleza,

A essa dignidade na dor que aceita a dor,

Mas se recusa a provoca-la.


Pain-Killer

Tuesday, September 20, 2005




"APETITE DEVORADOR"


Ó


sub-alimentados do sonho,
vós que matais a fome
D evorando os meus poemas,
E rguei a voz num grito medonho,
U rrando por nós,o rosto sem nome,
S intam o poeta,sangrando dilemas...







Dedos
São poemas de carne
Para tocar os corpos...
Ou para os sentir
Através dela.



Pain-Kiiler

Monday, September 19, 2005



AMADEO SOUZA CARDOSO

(reconhecido nos Estados Unidos como um dos maiores pintores contemporâneos do Modernismo)

Percursor da arte moderna, morre prematuramente aos 31 anos de idade, Amadeo de Souza-Cardozo não teve oportunidade de ver seu trabalho reconhecido. Seguiu a mesma trilha dos vanguardistas de todos os tempos e de todas actividades, administrando a incompreensão alheia. A humanidade custa a aceitar novos processos ou idéias diferenciadas e assim, para os percursores, a apreciação objectiva e o coroamento de seus esforços se dá, ou no final da vida, ou somente após sua morte.

Nascido em 1887 e falecido em 1918, as primeiras experiências de Souza-Cardozo,acontecem no desenho, especialmente como caricaturista. Aos 19 anos, mudou-se para Paris, tomando contacto primeiro com o Impressionismo e depois com o Expressionismo e o Cubismo.
Valeu-lhe muito sua aproximação com Amadeo Modigliani, de quem se tornou um grande amigo, compartilhando com ele um ateliêr e até realizando exposições juntos, em 1911.
Preso ainda ao traço, em 1912 publicou um álbum com 20 desenhos e em seguida, «com paciência de beneditino» copiou o conto de Flaubert La légende de Saint Julien l’Hospitalier, trabalhos ignorados pelo apreciadores de arte. Este último trabalho, depois de ficar por muitos anos nas mãos do editor, acabou sendo adquirido pela própria viúva do pintor, para evitar que fosse destruído.

Depois de participar de uma exposição nos Estados Unidos, em 1913, voltou a Portugal, onde teve a ousadia de realizar duas exposições, respectivamente em Porto e em Lisboa, causando entre seus patrícios, o mesmo escândalo que seria provocado no Brasil, anos mais tarde, por Anita Malfatti: suas obras foram criticadas, ridicularizadas e, em momentos, houve até confronto físico entre críticos e defensores da arte moderna.
Com o término da Primeira Guerra Mundial, em 1918, surgiria a grande oportunidade de desenvolver e encontrar reconhecimento de sua obra, mas Souza-Cardoso não teve tempo para esperar. Morreu nesse mesmo ano e muito tempo se passou até que as opiniões fossem revistas e seu nome ocupasse o devido lugar na história da pintura portuguesa.

Em 1925, a França realizou uma retrospectiva do pintor, com 150 trabalhos, bem aceites pelo público e pela crítica. Dez anos depois, em Portugal, foi criado um prêmio para distinguir pintores modernistas, que recebeu o nome de «Prêmio Souza-Cardoso». Em 1953, a Biblioteca-Museu de Amarante, sua cidade natal, deu a uma de suas salas o nome do pintor. Em 1958, a Casa de Portugal, em Paris, realizou uma exposição de suas obras.

Lentamente, à medida em que os preconceitos com relação ao modernismo foram sendo afastados, o nome de Souza-Cardoso ganhou a devida importância em Portugal. Ninguém é culpado.

(Ele era um visionário, vivia fora de seu tempo, tal como outros tantos, pagou um alto preço por isso...)

Sorrisos abstractos
Murmuram preces surdas...
E os sinos
Continuam a tocar
Dentro de mim.

Sei que morri...
Enquanto que meu corpo
Segue indiferente
O destino da cidade.

Sei que morri...
E sei que sou alguém
Vivendo para os outros,
Alguém que já não vive
Morrendo pra si próprio.




Pain-Killer







Óleo sobre tela,1995 (obra do autor do blog,desconhecido pintor português do séc.XX)









Monday, September 12, 2005


"ANOTHER MONDAY,PFFFFFFFFFFFFF..."

...E porque a nostalgia teima e demora em abandonar o meu estado de espírito...



Tendemos a olhar a vida,como algo inesgotável...
No entanto tudo nos acontece apenas um certo numero de vezes,e um número bastante pequeno...

Quantas vezes nos lembramos duma certa tarde da nossa vida,na nossa infância ,que parece tão fundamental ao nosso ser,á nossa existência?
Quantas vezes vamos assistir ao nascer da lua?Muito poucas...

Ainda assim,tudo nos parece...não ter limites.



"Nuvens ...são como sonhos,que flutuam no céu da mente".


Pain-Killer


Friday, September 09, 2005

"Querer e não poder"


A aparência das coisas
Vive tão depressa em nós,
Como nelas próprias morre
O que sentimos ao vê-las.

Enquanto espero
No interior deste meu tempo
Que se enche em mim,
Hás-de nascer
No pólen dos meus olhos...

E eu
CHAMAR-TE-EI de novo PRIMAVERA.

Irei ver os meus braços
Florescendo...
Cobrindo-se de beijos.

Irei ver-te prender
Entre os meus lábios
A visão do meu olhar.

Irei ver-te imaginar
que já sou
O que já não se altera.

E saberás então
Que não podes seduzir-me...

E que não deves querer
Mais um esforço de ti,
Porque todo o meu corpo floriu.

Bom fim-de-semana a todos e bem-haja!

Pain-Killer

Tuesday, September 06, 2005


"UNIÃO DE FACTO"


A minha filosofia é de que a verdadeira intimidade,romance incluído,entre as pessoas,floresce sempre á mesa,num restaurante ou em casa,e nunca num sofá.
Á mesa temos o melhor contacto visual,e isso é tudo.
Verifica-se que as pessoas afastam simplesmente os pratos vazios para o lado e deixam-se ficar á mesa.Antigamente,costumavamos mudar cerimoniosamente da mesa para o cadeirão.Isso era um desastre,porque perdíamos toda a intimidade construída até então,e lá tinhamos que começar tudo de novo.
Para mim uma mesa,é a mais bela peça de mobiliário que existe.













"NADA DE NADA"


Dê liberdade á pessoa que ama.Se ela se for embora,sabe que não foram feitos um para o outro,e se voltar,o vosso amor deve ser verdadeiro!Trabalhe como se não precisasse de dinheiro.Ame como se nunca tivesse sido magoado.Dance como se ninguém pudesse vê-lo.
Liberdade é apenas outra palavra para"não ter nada a perder".



(lido numa parede de uma casa de banho em jerusalém)



pain-killer

Monday, September 05, 2005


"REPRISE"

Não há moral mais perfeita que a do desinteresse,para mim o primordial dos ingredientes básicos para a harmonia e entendimento humano.A inteligência e a actividade do homem é,quando só,bastante restricta e limitada,mas,se a um se juntar outro e outro e muitos,a união faz a força, e prodígios são levados a cabo movidos por essa colossal soma de energias.Em suma,uso este espaço para manifestar a minha energia em forma de pensamentos na esperança de produzir e dar expressão aqueles cuja voz se silenciou há muito...






(É muito reconfortante sentir que os nossos pensamentos têm uma repercussão positiva,mas,nem sempre os podemos exprimir...)


















PAIN-KILLER

Thursday, September 01, 2005


"BARULHO AB...SURDO"

O fim das férias chegou...tal como eu receava...com ele trouxe também o fim dalguns sonhos,e o princípio de alguns pesadelos.Enfim...tudo normal...O benfica perdeu em casa,o sporting perdeu a oportunidade de participar na "champions league",o porto começa(infelizmente)a entrar no bom caminho e não seria de bom tom,esquecer o dr.Mário Soares,que está a fazer um esforço colossal por manter a tradição no nosso país,que prima pla reincidência.Vou enunciar três questões:1a-Será legítimo censurarmos Mário Soares por recandidatar-se?
2a-Será legítimo Mário Soares recandidatar-se?
3a-será legítimo pensarmos que temos legitimidade para decidir seja o que for?
4a-(eu sei que estavam estipuladas 3 questões,mas,apeteceu-me mais uma em jeito de análise)Existirá legitimidade suficiente pra esta humanidade censurar seja o que for,ou" coisa que o valha",quando,o que este povo sabe fazer melhor é apontar o dedo e observar em silêncio,tudo aquilo que considera errado?
Será preciso mais o quê,para que entendam de uma vez por todas,que todos nós,não passamos de meras marionetas.E que os incêndios,assim como tudo o que vai mal neste país e no mundo só tem um culpado,somos nós(os cognominados de povo).Somos todos responsáveis!Negligentes!Colaboradores!Responsáveis,porque todos nós vivemos cá!Negligentes, porque,aos problemas dos outros respondemos invariávelmente com um "cliché"do tipo:...não é nada comigo!E logo os "problemas dos outros"se tornam nossos.colaboradores,porque alimentamos as chamas,a fome,e as injustiças deste mundo com o nosso...silêncio!
Reservo o direito de mencionar um "post" meu(dos mais recuados)em que eu refiro que a união faz a força.Pois então,façamos todos força,não pra exercitarmos os abdominais mas sim pra tentarmos mudar aquilo que nos desagrada. Não fiquemos sentados á espera que algo aconteça,nada nem ninguém espera por nós,muito menos o tempo.
É impreterível agirmos enérgica e interventivamente,mesmo que nos pareça infrutífero...Tentar não custa nada!
O preço mais elevado que podemos pagar;é ,um dia olharmos pra trás e constatar que deixamos uma infinidade de coisas realmente importantes por fazer ou sem sequer tentarmos,em virtude de uma vida confortável cheia de materialismos,que não poderemos levar conosco.

Que tal olharmos a vida com um pouco mais de esperança?

Deixo um poema de Ruy de Portocarrero,o ser humano mais humano que já conheci...

QUERER...
É sentir um intermédio
De procura.

É qualquer coisa
Que precisa de mim
Para nascer.

A meus pés
Transforma-se um murmúrio
Não sei em quê...
E cai sobre meus ombros
Um grito de alegria
Enquanto me abraças

Porém
Em teus lábios,
Uma réstea de brisa
Me engana...
E calo-me
Pensando.
E os teus olhos
Bebem sorrisos de incerteza...
E a tua voz
Traduz-me novos cânticos,
Nova pesia...
Mas prefiro
Que restituas ao vento
Aquilo que me dizes


PAIN-KILLER